sábado, 17 de agosto de 2013

Pérola


 

 

Pobre molusco indefeso

Geme no fundo do mar

Da dor que tem de passar

Por um grão de areia preso

 

Aquele grão sem valor

Dentro da concha carrega

Tentando envolver a pedra

Para livrar-se da dor

 

Não sabe que o sofrimento

Que tem a todo momento

Já tem seu fim programado

 

É certo que irá alguém

Tirar a pedra que tem

Pra ter a gema formada

 

J. G. Ribeiro

Imagem: Google

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Aline


 

 
Dia dezesseis Aline nasceu

Às oito e quarenta a hora legal

Moinhos de Vento foi o hospital

E no mês de março ela apareceu

 

Dois mil e nove foi o belo ano

Deus nos mandou este lindo presente

Por trás de um vidro surgiu de repente

A mais recente herdeira que eu já amo

 

Que Deus a abençoe por todos os dias

Seja bem-vinda com muita alegria

Que a sua saúde seja eficaz

 

Que os anjos estejam sempre consigo

A livrem do mal e todo perigo

Que em seu coração habite só paz
 
J. G. Ribeiro
 
 
 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Infantaria




És tu das Armas os extremos e o meio
Pois é a ti que cabem os louros da vitória
Sibilam balas e as granadas trazem glória
Desentrincheras o inimigo sem receio

És conhecida pelo canto das metralhas
E pelo arrojo que teus homens devem ter
Cai o perigo ante a tua sede de vencer
Te perpetuas lá nos campos de batalhas

Por isso a ti o meu trabalho dediquei
Dificuldades muitas vezes já passei
Mas te escolhi e fiz de ti a vida minha

Tenho orgulho de estar na Infantaria
Sem vacilar eu outra vez a escolheria
Pois ela é nobre e ante às Armas é Rainha


J. G. Ribeiro

Imagem: Google

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Desejo


Vivo um conflito aqui bem dentro do meu peito
De ver-te ao longe sem sequer poder te amar
Meu coração de dor se joga ao leito feito
Buscando forças para um dia te encontrar

Quero envolver-te no calor dos braços meus
Em teus cabelos quero tanto me enrolar
Pedir a Deus que me conceda um beijo teu
Na eternidade quero tempo pra te amar

Dos sonhos teus quero fazer os sonhos meus
Nos pensamentos ter os pensamentos teus
E na tua alma abrandar a minha dor

Voar no céu de infinito a infinito
Deixar o eco do meu poderoso grito
E um canto novo solfejar ao nosso amor



J.G.Ribeiro
Imagem: Google

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Diz que...




Diz que o verdadeiro amor
Existe aqui sim, senhor!
Não só em conto de fada.
Amor é dedicação
É ofertar seu coração,
Sem nunca lhe pedir nada.


Diz que verdadeiras obras
Não são esmolas nem sobras
Que dou a quem tem escasso.
Fraternidade de fato
É a maneira como eu trato
Meu irmão, dando um abraço.


Diz que o verdadeiro santo
Não tem cetro, auréola e manto.
Nem é aquele que mais reza,
Mas com amor aconselha
Trabalha que nem abelha
E seu próximo mais preza.


Diz que o verdadeiro poeta
Não é santo nem profeta
Operário ou artesão.
Poeta é amante da poesia
Que traz vida e alegria
Pondo amor no coração.

W. F. Aquino

Imagem: Google

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Flor da Alma


Buscando a fresta dos teus fui entrando
E bem no fundo da tua alma encontrei
A mais bonita e pura flor desabrochando
De uma semente que um dia eu plantei

E a flor criou tantas raízes de repente
Nas profundezas do teu nobre coração
Tornando até a minha alma mais contente
Fazendo desaparecer a solidão

Enquanto era alimentada esta flor
Meu coração ficou repleto de amor
Mas noutro dia a flor secou depois morreu

Então o amor saiu e nem se despediu
Sem dizer nada simplesmente ele partiu
Ficando só a solidão saudade e eu

J. G. Ribeiro

Imagem: Google

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Enamorados



Vem a lua despontando no horizonte
Traz com ela sua família estelar
Vai o sol se escondendo atrás do monte
Se afastando pra lua poder brilhar

De mansinho a noite escura vem chegando
E as estrelas salpicando o negro céu
Vai a lua lá no mar se espelhando
Com o seu vestido branco como véu

Mil paixões são despertadas na noitada
Inspirando seus casais apaixonados
Que extasiados vagam em um só espaço

Bem juntinhos sob a proteção da lua
Aproveitam a iluminada rua
Um novo beijo um suspiro e um abraço


J.G.Ribeiro

domingo, 9 de junho de 2013

Ao poeta












 

Quais os teus sonhos, poeta,
Que a divagar andas
Na calçada da vida,
Tal qual malfadado andarilho
Buscando compreender o tempo,
E já não te aquietas a contemplar a aurora?

Quais tuas quimeras, poeta,
Que poetando andas a percorrer estrelas,
Que nos teus olhos meigos e doces,
Já não escondes a névoa dos desenganos?

Que utopias carregas, poeta,
Que as pequenas epifanias,
Não são mais suficientes,
Para abocanhar-te os dias?

Cabisbaixo andas, poeta,
Sensível ao mundo à tua volta,
Já choras baixinho escondido,
Querendo perdoar o tempo.

Que guerra injusta, poeta!
Que bélicos tão poderosos a tua volta!
E tu com tua fala mansa,
Teus passos lentos e cansados,
Já não passas tardes,
Empinando quimeras ao vento.

Poeta, a vida é guerra diária,
E nela bravo guerreiro
Extraia a fórceps teus sonhos,
Grita tua dor, expõe teus anseios.

 A guerra não é perdida, poeta,
Sorve o tutano do dia,
Mostra tua arma, mostra tua força,
Arranca da alma a palavra,
Empunha a palavra, poeta,
Traduze-a em pura poesia.

Gladys Giménez

Imagem: Google

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O mar e a praia


Mal amanhece vai o mar se agitando
Formando as ondas para a praia alcançar
Vai com seus braços na areia penetrando
E se firmando para a praia abraçar

O dia inteiro fica ele se bailando
E tanta gente nele entra a se banhar
Ao fim do dia suas forças vão faltando
Vai precisar de outro dia pra voltar

Mas não desiste e toda a noite ele descansa
Formando espelho com as suas águas mansas
Para que possa a linda lua se espelhar

Dorme tranquilo sob o terno olhar da lua
Vai relembrando a noite inteira a paixão sua
E no outro dia a praia toda quer beijar

J. G. Ribeiro

Imagem: Google

domingo, 2 de junho de 2013

O amor é eterno


Com a ausência das pessoas que amamos não há saudade que passe.
Mas essa saudade é amor, e isso nos dá ânimo para continuar vivendo.
Assim, mesmo que algo tenha se quebrado dentro de nós e esse espaço tenha ficado vazio, nos sentimos recompensados por saber que amamos e fomos igualmente amados.
  Com a fé nos conformamos porque chegará um dia que também seguiremos o mesmo caminho, e com a certeza de que o verdadeiro amor nunca morre, tornamos a sorrir e assim ganhamos um novo alento para continuar sobrevivendo.
E ao contemporizar, chegamos à conclusão de que não é o tempo que passa depressa, somos nós que passamos por aqui...

Helio Rohten
Imagem: Google


quarta-feira, 29 de maio de 2013

CÉU

 

Dia de sol nuvens pairando pelo ar
Tentando formas para nos apresentar
Num lindo céu azul todo pintado ao fundo
Com belas esculturas se mostrando ao mundo

Mas se prestarmos atenção nos seus detalhes
Formas perfeitas que vão se entregando aos ares
Ficam visíveis por apenas algum tempo
E vão se desfazendo pela ação do vento

Assim que o sol vai de mansinho se escondendo
As novas esculturas vão aparecendo
E vai se transformando o visual do dia

Nem toda hora o céu é tão bonito assim
Como se fosse um espetáculo só pra mim
Numa graciosa e pura aula de magia


J.G.Ribeiro

Imagem: Google

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Gotejando



Tem uma goteira em cima da minha cama. Não é bem em cima dela, fica nos pés. Quase fora. Mas quando chove forte eu tenho que afastá-la da parede. Eu não ligo muito, pois faz tempo que não chove. Entretanto pela carranca das nuvens que vejo pela janela, a cama estará molhada à noite. Isso não chega a ser lá uma preocupação. Quando você toma conhecimento do que preocupa as pessoas ao teu redor, uma goteira não é tanto problema assim.

Não que eu seja uma pessoa comunicativa e sociável a ponto de as pessoas me contarem suas preocupações, bem pelo contrário. As pessoas do meu meio social mal me cumprimentam. O fato é que eu tenho digamos que uma faceta, ou melhor, um dom. Um dom, gosto de pensar dessa forma. Eu leio expressões. E modéstia à parte com uma média de acerto de dez para dez. No início isso me afetava. Imagine na minha rotina diária tenho a possibilidade de ver muitas pessoas, e as impressões que cada uma deixava em mim eram tão profundas quanto cortes de navalha nas mãos de um barbeiro bêbado. Sem querer eu sacava tudo o que havia por traz de um sorriso, um bom dia, uma cara fechada, um flerte. Depois de um tempo consegui relaxar, eu enxergava o que havia realmente por trás das expressões das pessoas, e com a frieza que me é típica eu me divertia um pouco com isso e depois esquecia, como que guardando um livro lido em uma estante. É meio sem querer, não exige concentração alguma. Eu te olho e vejo atrás dos teus olhos. Isso mesmo, bem exposto. Dessa forma vi o quão frágil somos e quão cínicos temos a necessidade de ser, e o quão sujo podemos nos tornar.

Para compreender melhor, pelas pessoas que vi nesta manhã eu sei que a professora de matemática sisuda e autoritária que passa por aqui todas as manhãs, tem fetiches sadomasoquistas com direito a mordaça, chicotes e perfuração de agulhas. Sei que nosso estagiário cospe no café de todo mundo que lhe pede para trazer café, tem o pediatra que toma anfetaminas todas as manhãs com conhaque, a moça que vende doces e acha que está grávida, acha que vai abortar porque acha que o filho pode ser do seu padrasto. Vejo o advogado que está sempre sorrindo, mas sempre vai pra casa com a certeza de que chutará o banquinho e se entregará à Dança do Judas Arrependido. O motorista gentil que gosta de bater na mulher e depois colocar a culpa no trabalho. Tem o bacana que espia a filha no banheiro e depois procura o sexo de garotos franzinos. Pouca coisa para aproveitar, quase não me surpreende.

Tem também as pessoas que eu vejo agora, neste momento. Eu sei que a senhora idosa que vem pegar jornal velho está comendo somente macarrão instantâneo há dois meses. Ela vive sozinha com 75 cães, a ração dos cães nunca falta, ela não fala com quase ninguém. Gosto dela. O porteiro está com câncer no pâncreas. Nunca bebeu, nunca fumou. Religioso fanático. Decidiu não sorrir mais. E tem a garota de cabelos curtos e bagunçados, com um grampo de cabelo vindo direto dos anos 80 prendendo a franja, ela sempre aparece aqui, gosta de ler H.G. Wells. O que sei dela é que eu a faria chorar bem menos, e ela me faria sorrir bem mais.

Ai você pode perguntar: – Tá e por que você não faz algo útil com esse dito “dom”? Você poderia salvar suicidas, denunciar pedófilos, libertar oprimidos, você poderia ser algum tipo de herói, poderia ser um divisor de águas na psicanálise e psicologia. Faria Freud virar de bruços no caixão.

Bem, eu até poderia. Mas não faço nada. Tem aquela fabulazinha dos dois lobos dentro de cada homem, o lobo bom e o lobo mal, e vence aquele que você alimenta mais. Digamos que agora eu tenha só um lobo dentro de mim, e embora às vezes ele balance o rabo e dê a patinha eu não ouso lhe estender a mão. E além do mais eu sou só um bibliotecário. Preencher as fichas e organizar os livros largados nas mesas e devolvê-los aos seus devidos lugares nas estantes é o máximo que me permito fazer por essas pessoas. Confesso que às vezes sou tentado a fazer algo por alguém, mas seria apenas para a garota de cabelos bagunçados. Ela cria duas covinhas nas bochechas quando sorri. O fato é que não tem nenhum lobo dentro dela e temo apresentá-la ao meu.

Ok, eu pareço agora um cara egoísta que não liga pra nada, na verdade eu ligo e estou até preocupado porque as nuvens carrancudas lá fora agora choram um dilúvio bem do jeito que a goteira lá de cima da cama gosta. Acho que hoje vou ter que dormir no sofá.

Fábio Vinicius

Imagem: Google

domingo, 19 de maio de 2013

Alma Fria


Coloquei no meu baú um pouquinho de sol
Para aquecer as minhas noites de frieza
E a tua voz eu coloquei num caracol
Para escutar-te em minhas horas de tristeza

Amargurados são os dias da minha vida
Fazem chorar meu coração de amor por ti
Escuras noites em tormentos embebidas
Longos gemidos de tanto chorar por ti

De ti preciso pra contigo me aquecer
Senão minha alma congelada vai morrer
A noite fria gangrenou meu coração

Só teu amor pode manter a chama acesa
Pra me aquecer e acabar minha tristeza
Alimentando eternamente esta paixão

J. G. Ribeiro

Imagem: Google





quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Sonho do Velho Avião



O dia amanhecera cinzento.
Perfilado no centro da pista, o velho avião espera pacientemente para decolar. Com o coração aos saltos, ele mal pode controlar sua ansiedade, pois ouviu o comandante dizer que este seria seu último voo.
- Vou provar a eles que estão enganados, pensou o velho avião, mirando a linha do horizonte, como fizera muitas e muitas vezes.
Potência máxima.
 O ronco do avião ecoa pelos ares. Vorruuuuuuummmmmmmmm… A velha máquina  range e estala freneticamente, e aos poucos, o velho bimotor se desprende do solo. É só uma questão de segundos, e  ele alcança os ares. Pronto! Agora nas alturas, pode relaxar. Abre suas asas ao máximo como se fosse uma grande e prateada fragata e deixa-se planar, planar, planar… embalado mais uma vez, pela juvenil algazarra dos passageiros rumo à cidade de Orlando na Flórida.
Dia após dia, noite após noite…
A um canto do aeroporto o velho e esquecido avião, que outrora resplandecia ao sol com sua belíssima inscrição em azul, hoje não passa de um amontoado de ferro velho carcomido pelo tempo.
Mas o velho sonha! Sonha com os risos fartos das crianças, com as alegrias das chegadas e com as lágrimas de despedidas.
Quando a tesoura mecânica penetra na fuselagem do velho avião, arrancando-lhe os pedaços, ele  continua inabalável com o olhar fixo no horizonte, pois há muito tempo sua alma de avião ganhou os ares, e lá permanece, levando outras almas para paraísos distantes de risos e de alegrias.   

Jandira Weber
Imagem: Google 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mar sem Luar















 
A leve brisa que escultura a fina areia
Sem o olhar da majestosa e bela lua
Quer se esconder dentro da noite fria e nua
Que espreita o mar sem o clarão da lua cheia

Agita o mar a espumante água fria
Que insatisfeita com a sua ira chora
Vai colocando as suas ondas para fora
A noite inteira até que chegue um novo dia

Enquanto a sábia natureza inteligente
Vai devolvendo a suave luz resplandecente
Renasce a fúria do gigante verde-mar

E as lamparinas que mostravam os possessores
Vão se apagando e vão mostrando os pescadores
Que vão remando para à terra retornar

J.G.Ribeiro

Imagem: Google

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Os contrastes da nossa era.


 

              Elogiável a decisão do novo prefeito da capital gaúcha de retirar das ruas o imenso contingente de crianças pobres, abandonadas à própria sorte. Resta-nos, no entanto, almejar que tão nobres anseios sejam coroados de sucesso. Parece-nos, à primeira vista, um empreendimento fácil de ser realizado, mas a grande interrogação que paira ameaçadora sobre a concretização do projeto é: Será que as crianças querem sair das ruas? Acostumadas durante anos e anos a perambular pelas esquinas, estimuladas pela fome, e por pais que as empurram para mendicância, é muito difícil que dentro de suas cabecinhas brilhe o desejo de mudar de vida.

Há dias, um senhor me contou um episódio interessante. Sempre ao entardecer, quando retornava à casa, encontrava em uma sinaleira o mesmo menino, sujo e descalço, olhos grandes e negros, pedindo: - Dá um dinheirinho, tio! O homem baixava o vidro do carro, apanhava no console do carro uma moeda, previamente reservada para os pedintes, e dava ao menino. Mas seus grandes olhos negros acompanhavam o bom homem até sua residência e assombravam suas noites de sono intranquilo. No café da manhã, sentado à mesa com os filhos, olhava para eles, e pensava no garoto. Naquele momento deveria estar buscando recursos para aliviar o vazio do estômago enquanto suas crianças bebiam suco de laranja, comiam cereais, frutas, pães e outras guloseimas. Depois, todos sentariam no carro com o ar condicionado ligado, os vidros fechados, as portas bloqueadas, os cintos de segurança afivelados, e rumariam para a escola. Ao meio dia, sua esposa repetiria o ritual. Os meninos levantariam de suas cadeiras na sala de aula e se precipitariam sobre o acento do carro. Certamente, nesse mesmo instante, o garoto de olhos negros estaria saltitando ao sol entre a profusão de carros da cidade. À tarde seus filhos seriam levados à aula de inglês ou caratê, e se precisassem comprar algum material escolar a mãe providenciaria. Saírem desacompanhados para qualquer atividade, nem sonhar.  E o garoto de olhos negros continuaria saltitando sob o sol ou sob a chuva.

          Tanto pensou, tanto traçou paralelos que resolveu tomar uma decisão, forte e corajosa: Faria tudo o que pudesse para mudar o destino daquela criança. Entrou no carro, dirigiu até o lugar onde sempre encontrava a criança e acenou para ela. Depois de o garoto se aproximar, perguntou-lhe onde morava; queria falar com seus pais.

Enfim, com a licença dos genitores, trouxe o menino para sua casa, deu-lhe roupas novas, ensinou boas maneiras, matriculou-o numa escola. Deu-lhe carinho, amor e uma vida digna.

Seis meses depois o garoto desapareceu. Deixou um bilhete dizendo que sentia falta das ruas, que não conseguia suportar uma vida organizada, preferia ser pobre, mas livre.

E assim o bondoso cidadão sentiu-se num dilema. Passou a questionar a terrível realidade brasileira. A total falta de segurança no país mudara os hábitos da maioria das famílias. Seus filhos eram prisioneiros na própria casa. Há muito tempo tinham perdido o direito de ir e vir. Estavam sendo criados dependentes dos pais, sem possibilidades de liberar sua energia criativa. Não podiam andar de bicicleta na calçada, nem sequer sabiam brincar na sarjeta aproveitando as enxurradas das tardes de verão. Viviam presos numa frágil redoma de vidro, olhando televisão e brincando com computadores, e por isso talvez se tornassem  mais infelizes do que o garoto de olhos negros, que vivia solto nas ruas, mas preso pelos grilhões da miséria.

       Quais serão, daqui a vinte anos, os questionamentos das crianças?

Marilene Vargas

Imagem: Google

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Pedaços de Paraíso


Aqui no Sul onde habito
Vislumbro todo o infinito
Meu céu de estrelas coberto
Cada dia mais florido
Tem um jardim colorido
Que o longe parece perto

Nosso rancho é uma graça
Quem aqui na frente passa
De vez em quando me diz
Com um sorriso no rosto
“Só gaúcho de bom gosto
Consegue ser tão feliz”

Abro a janela do fundo
Vejo a metade do mundo
Bonito sol do poente
Sempre que me dá vontade
Miro a mais bela metade
Pela janela da frente

Esta beleza que pinto
Existe sim porque sinto
Respondo com meu sorriso
Nossos desejos pequenos
Têm mais amor porque temos
Pedaços de Paraíso.

W. F. Aquino
Imagem: Google

domingo, 28 de abril de 2013

Irmão



Irmão é luz que ilumina a minha face
Seja ele pobre ou seja rico eu quero ver
Irmão de todos sem escolha eu quero ser
Para crescer diante do mundo onde se nasce

O meu carinho a todos dou com liberdade
Quero louvar ao Pai Divino e Criador
Que nos gerou com muito afeto e muito amor
Para vivermos numa vida de amizade

Quero aos irmãos sem cerimônia perguntar
Porque se agridem e não podem se amar
Se fomos todos feitos pela mesma Mão

Irmãos são todos que nasceram nesta terra
Quero viver sem o fantasma de uma guerra
Num mundo novo mais fraterno e mais irmão

J. G. Ribeiro

Imagem: Google