sábado, 22 de julho de 2017

Comigo ainda viverás...







Lamino-te as bordas para não ver-te despida.
Tão linda quando criada, ainda tem belezas para acrescentar.
Mãos que tecem glórias querem ver-te brilhar ao mundo.
Passa-se o fundo e cobrem-se os riscos das desigualdades.




Lamino-te a face perfeita para ver-te mais que perfeita!...
Para sorrirem e brilharem os olhares sobre ti.
Deitada ou de pé, olhem quem quiser...serás apenas tu.
Tens o espelho para o mundo, e o brilhar do inocente...




Cuido-te para não machucares a perfeição da obra do Criador...
Protejo-te para que os olhos da humanidade não destruam o projeto.
Sei que o brilho dos anéis, mais te ofertam. Poucos te valorizam...
Tu tens a dar!...e recebes. Muitos soqueiam-te e jogam-te ao alto.




Seco tua face molhada, limpo tuas pernas, passo um pano no teu corpo e te abraço...
Visto-te de emoção o branco e vermelho, porque paz e paixão andam juntos.
Perfumo-te para tirar o embriagado cheiro. Retomo-te, és minha...
Foram meus braços e minhas mãos que fizeram-te nascer! És minha mesa preferida.




Celso Ferruda, poeta marceneiro
Comendador na Embaixada da Poesia
Direitos reservados (é lei)

sábado, 15 de julho de 2017

Boca de siri




O título deste texto é uma expressão quase em desuso,    mas que já foi da moda no passado, quando queríamos que alguém guardasse segredo de uma descoberta muito importante. Ela me vem à lembrança no presente, por conta da megatentativa da Policia Federal em moralizar o país.

Cresci num arrabalde, meio urbano, meio campestre, mais chegado para a natureza do que para o cimento armado. Costumávamos à tarde, mal chegados da escola, sair pelo campo, à procura de diversão.

Certo dia, descobrimos num tronco apodrecido, uma enorme colmeia, abarrotada de mel. Decidimos que uma descoberta tão valiosa deveria permanecer em segredo, portanto, boca de siri. Ninguém mais poderia saber da sua existência.

Retornamos para casa, trazendo algumas amostras e tivemos que justificar a sua procedência. Mesmo assim, o segredo e a colmeia se mantiveram por dois ou três dias, até que a notícia se espalhasse.

A partir dai, foi um verdadeiro alvoroço. Todo mundo queria retirar um pouquinho do mel. As mães diziam que ele era medicinal, atuava contra as infecções de garganta.

 A criançada queria se esbaldar, o mel é doce e o que é mais doce e saudável do que o mel natural, direto da fonte? Havia até um ou outro comerciante dando uma espiada, para saber se de lá poderia tirar algum proveito. Enfim, mexemos numa abelheira, sem termos competência para melar.

Depois de uma semana, o cenário era desolador. Restos de favo espalhados pelo chão, o tronco hospedeiro feito em pedaços e o pior, os ovos e as larvas do enxame pisoteados e sendo arrastados pelas formigas.

Passado tanto tempo daquele episódio, por mais ingênuo e singelo que possa parecer, faço aqui uma analogia das minhas peraltices de criança, com o que os políticos fizeram com a gigante Petrobras. Descobriram uma fonte rica e saudável, a qual julgaram ser de recursos inesgotáveis.E não souberam guardar o segredo.

Apesar do gigantismo, a fonte expôs suas fragilidades e por ali penetraram os predadores. Gananciosos, foram longe demais e perderam o controle. Inicialmente, a fonte alimentava pequenos feudos, mas com o passar do tempo, toda a corte se habilitou.

Em um país onde o povo é politicamente submisso,  como somos, tudo pode acontecer. Nossos valores positivos há muito que se perderam no tempo e hoje, o que mais consumimos são: fraudes e corrupção.

Precisamos criar um fato novo, botando a “boca no trombone”, mostrando indignação e que, se às vezes agimos como cordeiros, quando acuados, também saberemos morder como lobos.
Anildo M. da Silva


sexta-feira, 7 de julho de 2017

Perdão





Um moribundo sou sem teu perdão
Que vaga triste pelo mundo afora
Já sinto a morte me estendendo a mão
Não tenho tempo de partir agora

Eu não mereço nem tua presença
Nem mesmo clamo pelo teu olhar
Eu só não quero abandonar a crença
De ver um dia o teu perdão chegar

Não mais almejo nem o teu carinho
Que alimentava outrora o nosso ninho
Antes da hora da tua despedida

Se teu perdão um dia acontecer
Eu poderei então feliz morrer
Com tua imagem à mente refletida


 J. G. Ribeiro
Imagem: Cléofas

sábado, 1 de julho de 2017

Anjos Celestes






Luzes celestes acendem talentos
O livro da vida também ilumina
Seres humanos com seus passos lentos
Tal como o sol no céu se declina

Às vozes do céu, estejamos atentos,
Como substância de água cristalina,
Se absorvermos bons ensinamentos,
Na alma refletem a chama divina

Corrigindo erros, aparando arestas
Estes arquitetos desta grande empresa
São almas sinceras, prodigiosas mestras

Diuturnamente, na própria natureza
Anjos celestes, grandiosas orquestras,
São luzes divinas, com toda certeza.


W. F. Aquino
Imagem: assunto sobrenatural