sábado, 30 de setembro de 2017

Idoso

Idade não é doença
E nem desprezo a ninguém
É a soma das experiências
Que só o idoso é quem tem

O jovem não acredita
Nos conselhos que recebe
Do idoso que o critica
Os erros que mais percebe

Conserve a terceira idade
Vivendo com qualidade
Fazendo o que desejar

Idoso bem humorado
Vive mais humanizado
A idade melhor que há


 J.G. Ribeiro

Imagem: Mobilidade Personal



sábado, 23 de setembro de 2017

David Canabarro

Neste mês de setembro findo, em que se registrou  os 180 anos do início da Revolução Farroupilha, peço licença aos amigos leitores para homenagear um dos personagens mais destacados desta gesta épica (e também, certamente, o mais polêmico): David  José Martins, o taquariense David Canabarro.

O grande general farroupilha nasceu, filho de pais descendentes de ilhéus açorianos, em 22 de agosto de 1796, aqui na nossa Taquari, a uns 6 quilômetros da sede da antiga freguesia, na localidade de Pinheiros. A casa na estância natal existia até há pouco tempo(li, no Correio do Povo,há uns 40 anos, que a casa, abandonada, descuidada, servia até como criatório de porcos.). Seus avós paternos, naturais da Ilha Terceira dos Açores, eram José Martins Faleiros e Jacinta Rosa. Um filho deste casal, José Martins Coelho, casa-se com uma moça nascida em Triunfo, Mariana Inácia de Jesus, filha de Manuel Teodósio Ferreira e Perpétua de Jesus. Este casal José e Mariana muda-se, então, para uma estância em Taquari onde nosso herói nasce e vive até seus 15 anos.

David inicia sua longa e vitoriosa vida militar na campanha Cisplatina de 1811/12, substituindo o irmão mais velho, Silvério, que era mais necessário nas lides campeira da estância da família. Inicia de reles soldado até o ápice da carreira como general: lutou nesta guerra, depois lutou contra Artigas, de 1816 a 1820, mais tarde, já como tenente, luta nas forças do futuro Presidente da República Farroupilha, Bento Gonçalves da Silva, na guerra de 1825 a 1828, à que culminou com a independência do Uruguai. Com pouco mais de 30 anos volta temporariamente à vida civil, agora ao lado do tio Antônio Ferreira Canabarro, numa estância em Santana do Livramento. É este tio o responsável pela assunção do nome Canabarro: o tio morre, e David assume a tia, a estância e o sobrenome.

Com a Revolução Farroupilha, ele volta ao palco bélico como tenente. Como todos sabemos, atinge aí o generalato e a Comando geral de todas as forças da frágil República.

Feita a paz de Poncho Verde, sina guerreira, vai agora guerrear nas campanhas contra Rosas e Aguirre, sendo seu canto de cisne a guerra do Paraguai. Acaba “General Honorário do Exército Brasileiro”. Morre o nosso herói, miseravelmente caluniado, na estância de São Gregório, a12 de abril de 1867. Portanto, longa vida, aos 71 anos incompletos.

As calúnias apontadas em direção ao grande general, referem-se, fundamentalmente, ao “incidente de Porongos”, nódoa que mancha a história da gloriosa revolução e, principalmente, a biografia do general farroupilha.  (Este episódio, Porongos, já foi, por mim, amplamente tratado em texto recém-publicado em jornal de Taquari, e neste conceituado Blog do Prédidi.)

A respeito da sua morte, assim a noticiou um jornal do Rio de Janeiro: “Tendo sido um notável caudilho da revolução por que passou esta Província, na qual adquiriu a reputação de bravo e habilidoso para a guerra, desceu ao túmulo acompanhado de graves acusações que a história um dia decifrará se foram merecidas ou injustas”.

Eu prefiro o manter no panteão sagrado dos heróis nacionais. Seguindo as palavras do genial Charles Chaplin, “O mundo não é composto de heróis e vilões, mas de homens e mulheres, com todas as suas paixões que Deus lhes deu. O ignorante condena, o sábio se compadece.”

Portanto, vou preferir sempre lembrar: do herói de duas Províncias, a nossa e a de Santa Catarina (onde,também, foi presidente da efêmera República Juliana); do homem que lutou pela sua Pátria até quase sua velhice; do comandante que ao receber oferta de emissários platinos de apoio militar na guerra farroupilha responde, “diga a seu chefe que assinaremos a paz com o Império com o sangue do primeiro invasor estrangeiro que atravessar a fronteira; pois, antes de tudo, somos brasileiros!”

Se pecados teve (e quem, mortal, não os tem!?) a morte e a eternidade já por certo os redimiram.

Por fim, um acréscimo etimológico: foi o David que cunhou a famosa frase (ao menos era no meu tempo de guri!) “boi de botas”, com a qual elogiava o bravo Corpo dos Lanceiros Negros do seu exército que, quando da invasão por terra à vila de Laguna, teve que marchar na íngreme subida da serra por brenhas inóspitas e pantanosas. That’sAllFolks! 


João Paulo da Fontoura
Imagem: Panoramio

sábado, 16 de setembro de 2017

Benesses do Universo



Fecho os olhos devagar
Meus pulmões encho de ar
Concentro-me em novo assunto
Sinto a beleza do mar
Vejo a gaivota voar
Minh’alma vai voando junto

Na montanha vejo a neve
Vai minh’alma voando leve
Chegando ao mais alto pico
Sinto estranha sensação
Que faz bem ao coração
Por isto me gratifico

À noite contemplo a lua
E minh’ama continua
Pelo espaço a divagar
E neste momento penso
Que estou no azul imenso
No mais bonito lugar

Minh’alma quando se solta
Vai ao alto depois volta
Com energias refeitas
Traz benesses do Universo
Um pouco delas disperso
Vou distribuindo colheitas

Mas quando pego no sono
Meu ego cego abandono
Minh’alma ruma ao futuro
Junto de outras almas boas
Que orientam muitas pessoas
Encontro luz no escuro.

W. F. Aquino
Imagem: Pixabay

sábado, 9 de setembro de 2017

A professora, não!



Quando me pedem para relembrar algum episódio agradável ocorrido na minha infância, entre tantas boas lembranças, certamente não faltará alguma escaramuça escolar. A escola para mim, era tudo de bom.Isto porque, saí do ambiente sisudo, adulto e de poucas palavras da minha casa, para um mundo louco, descontraído, de correria, brincadeiras irreverente, mas muito meu. Crianças, muitas crianças, fazendo tudo o que as crianças podiam fazer. De repente, ouvia-se o som meio abafado de uma sineta e de pé, no topo da escada, uma professora chamava:

- Façam filas para entrarem nas salas!

Que ambiente maravilhoso! Que energia positiva! E que professoras! Lembro-me de todas, lembro dos nomes e se puxar um pouco pela memória, talvez ainda saiba os sobrenomes. De algumas me lembro do sorriso, de outras do rosto cordial, por vezes uma voz severa, mas sempre um conselho proveitoso. Nunca fui um exemplo de aluno e as reprimendas que eventualmente recebi foram graças ao meu temperamento indócil.Professoras sempre representaram muito para mim.Com sua singeleza e sensibilidade apurada, conseguiam me fazer aceitar o autoritarismo exacerbado do meu pai e colocá-lo na galeria dos heróis, onde todos os pais deveriam estar. Lá, eu conseguia liberar um pouco mais as minhas emoções, dialogar com os meus iguais, arriscar uma arte sem receber castigo. As pessoas que agora estão lendo estes meus escritos, não pensem que estou delirando, ou talvez chegando ao planeta Terra vindo de outra galáxia. Esta escola tão acolhedora, com professoras tão maravilhosas, que na década de 1960 me recebeu e me transformou, existe sim, tem nome e tem endereço. Renovou o corpo docente é claro, mas os objetivos são os mesmos. Então, o que mudou? Nós mudamos, a sociedade adoeceu, é um embrutecimento coletivo, consequência da ganância desmesurada e da sede do poder sem limites. Lemos, ouvimos e vemos todos os dias, notícias ruins vindas de todos os lados, dando-nos conta de que o amor entre as pessoas já não tem a mesma conotação. Filhos matando os pais, mães descartando filhos, cresce o abismo entre os irmãos. Ouço que no interior do estado um aluno foi pego dentro da escola, portando uma espingarda para matar uma professora, seu desafeto. Pelo amor de Deus, as professoras não! Elas, ou eles, são o último baluarte, a última esperança que temos de reconstrução de uma sociedade íntegra, justa e produtiva. Aos pistoleiros de plantão, se querem destruir, procurem ajuda e destruam o que tem de ruim dentro de vocês, mas deixem os professores em paz.

Anildo M. da Silva –Aposentado.

Imagem: Ensaios de gênero – Word Press.com

domingo, 3 de setembro de 2017

Minha Profissão Inspira Poesia



Ah martelo! que bate, feito coração apaixonado.
Navalhas que cortam como a saudade por esperar.
Dentes que circulam feito a vida, e estraçalham a felicidade....
Farpas que cravam como sentir a dor da partida da amada...


Parafusos retorcem. Na dor, um carnal, para segurar a vida.
Miúdos pregos que prendem elogios...outros a fraqueza entorta
Gigantes para cuidar, obedientes homens para desvendar..
Caneta sábia, risca o traço do sonho, revertido em felicidade.


Cruel homem, corta o sentido, estraga a planta do verso perfeito.
Canção e melodia sobre tábuas, ao som das correias e motores.
Maquinas que colam as bordas e prensam desejos são inúteis.
Como inúteis são aqueles que acreditam: - o melhor e massacrar.


Nas cargas que vão e vêm, rodam mundos de ideais e sonhos.
Rodam lixas, fitas de corte. Roda a boa sorte e o esquadro do lar.
Plumam-se vidas, desenvolve-de ideias. outros as pintarão...
Tiro o pó. Fico na saudade. Bem verdade! Minha missão cumpri. Aposentei..


Celso Ferruda
Imagem: Internet