domingo, 9 de junho de 2013

Ao poeta












 

Quais os teus sonhos, poeta,
Que a divagar andas
Na calçada da vida,
Tal qual malfadado andarilho
Buscando compreender o tempo,
E já não te aquietas a contemplar a aurora?

Quais tuas quimeras, poeta,
Que poetando andas a percorrer estrelas,
Que nos teus olhos meigos e doces,
Já não escondes a névoa dos desenganos?

Que utopias carregas, poeta,
Que as pequenas epifanias,
Não são mais suficientes,
Para abocanhar-te os dias?

Cabisbaixo andas, poeta,
Sensível ao mundo à tua volta,
Já choras baixinho escondido,
Querendo perdoar o tempo.

Que guerra injusta, poeta!
Que bélicos tão poderosos a tua volta!
E tu com tua fala mansa,
Teus passos lentos e cansados,
Já não passas tardes,
Empinando quimeras ao vento.

Poeta, a vida é guerra diária,
E nela bravo guerreiro
Extraia a fórceps teus sonhos,
Grita tua dor, expõe teus anseios.

 A guerra não é perdida, poeta,
Sorve o tutano do dia,
Mostra tua arma, mostra tua força,
Arranca da alma a palavra,
Empunha a palavra, poeta,
Traduze-a em pura poesia.

Gladys Giménez

Imagem: Google

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