domingo, 23 de dezembro de 2012

A Esperança de um Natal Efetivo


Estamos no mês do Natal, data de comemoração do nascimento de Jesus Cristo. É, portanto, neste período que mais refletimos sobre tudo o que realizamos ou não durante este ano que está terminando. Assim, lá no fundo de nossos corações, sentimos certa nostalgia ao ler um texto como este que transcrevo de um autor cujo nome desconheço:
Minha Noite de Natal...
Quisera Senhor, neste Natal, armar uma árvore dentro do meu coração e nela pendurar, em vez de presentes, os nomes de todos os meus Amigos! Os Amigos de longe e de perto, os antigos e os recentes, os que vejo cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que, às vezes, ficam esquecidos. Os constantes e os intermitentes. Os das horas difíceis e os das horas alegres. Os que, sem querer, eu magoei ou, sem querer, me magoaram. Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles de quem me são conhecidas a não ser as aparências. Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo. Meus Amigos jovens e meus Amigos velhinhos. Meus Amigos homens feitos e as crianças, minhas amiguinhas. Meus Amigos humildes e meus Amigos importantes. Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida. Os que me admiram e me estimam sem eu saber e os que eu amo e estimo sem lhes dar a entender. Quisera, Senhor, neste Natal, armar uma árvore de raízes muito profundas para que os seus nomes nunca mais sejam arrancados da minha vida. Uma árvore de ramos muito extensos para que novos nomes, vindos de todas as partes, venham juntar-se aos já existentes. Uma árvore de sombra muito agradável para que a nossa amizade seja um momento de repouso no meio das lutas da vida. Assim desejo e espero. Feliz Natal!”
Concluindo, quero expressar os meus votos de um feliz Natal e de um feliz ano novo para todos os meus Amigos e Amigas. Enfim, que o ano de 2013 lhes propicie muita saúde, sucessos e felicidades.

 Helio Rohten
Imagem: Google

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Natal de Cada Criança


Rafael e Rafaela eram gêmeos e tinham oito anos de idade. Eram filhos de André e Luiza, que moravam numa pequena cidade do interior. A mãe sempre comprava as coisas que eram para a filha, e o pai, as que eram para o filho. Assim dividiam as tarefas da casa, para que ninguém ficasse sobrecarregado, pois Luiza também trabalhava fora.
Para não acumular tarefas no final de ano, André e Luiza planejavam o Natal para seus filhos e afilhados já no início de dezembro. Gostavam sempre de elogiar as boas notas que os filhos tiravam durante o ano, como também comentavam o bom comportamento que eles tiveram. Achavam que assim estariam contribuindo para o aperfeiçoamento do caráter de cada um.
Um dia chamaram os filhos para saber o que desejavam que Papai Noel lhes trouxesse naquele ano. Rafael, o menos tímido, respondeu que poderia ser qualquer coisa, mas seu pai insistiu, e o menino acabou escolhendo uma bicicleta. Ainda sem saber o que pedir, a menina Rafaela pensou mais um pouco e disse que gostaria de ganhar uma boneca bem grandona.
O pai, o mais ansioso, no outro dia já estava na loja comprando o presente para Rafael, mas a mãe, que gostava de pesquisar mais, demorava para comprar as coisas.
Os dias voavam e quanto mais aproximava se o Natal, mais as tarefas da casa aumentavam. Faltavam apenas 10 dias, quando Luiza resolveu ir à loja comprar o presente para sua filha, mas, no caminho, sofreu um terrível acidente e veio a falecer.
            André ficou transtornado com a perda da esposa, mas não podia fraquejar ante seus filhos e tentava substituí-la em todos os momentos. Mas a dor dos meninos e a falta da mãe eram irreparáveis.
Os dias passavam, desta vez mais lentamente do que antes da morte de Luiza, e finalmente chegou o Natal. André nem se apercebera de que havia só um presente e repetiu o ritual que sempre fazia junto com sua esposa, na expectativa de ver o brilho dos olhinhos dos filhos ao desembrulharem os presentes. Chamando Rafael, deu-lhe o pacote com a bicicleta. Quando foi chamar Rafaela, deu-se conta de que a mãe não havia comprado o outro presente. Gaguejando, tentava explicar para a filha o que havia ocorrido, mas não conseguia. Vendo aquela cena triste e inconsolável, Rafael, com os olhos cheios d´água, deu seu presente para a irmã, dizendo-lhe:
- Fica com a bicicleta, mana, quando eu quiser andar você me empresta! O pai, emocionado com a atitude do filho, também encheu os olhos d´água e disse ao menino:
- Muito bem meu filho! É uma bela atitude, mas, amanhã mesmo comprarei um presente para Rafaela, e tudo ficará bem.
Assim como Rafaela, muitas crianças no Brasil e no mundo todo, passam o Natal tristes por não terem recebido nenhum presente. Você pode fazer uma dessas crianças feliz, retirando na agência dos Correios uma cartinha e adotando uma criança para comprar-lhe um presentinho de Natal. Experimente!  
J.G.Ribeiro
Imagem: Google

sábado, 15 de dezembro de 2012

Profecias

Letras vermelhas
Escrevem profecias insistentes. Verdades?
Dezembro transitando,
Avolumando dúvidas no peito.
Rechaçadas, mudas,
Vêm à tona desgastadas,
Gritam medo.
Incertas, definham nos dias
Que desaparecem.
Lentos, arrastados, desenvolvem crenças
Forjam risos.


Mardilê Friedrich Fabre
Consulesa Poetas Del MundoSão Leopoldo –
Autora do Portal CEN

Imagem: Google

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Patrona da 27ª Feira Ramiro Frota Barcelos

Marilene Müller de Vargas, ex-presidente do Centro Literário, recentemente agraciada com o Destaque do Ano em Literatura Rua Grande, para honra do Centro Literário, foi escolhida Patrona da Feira do Livro deste ano.


Segue a programação da nossa patrona na Feira:

Dia 18, às 19 horas

 1 – Oficina de leitura e criação com o título  Meu livro inesquecível. Marilene Vargas comentará suas relações com a escrita como meio de comunicação e seu processo criativo. Será um bate-papo descontraído onde cada um poderá falar sobre suas inspirações na infância, sobre seus temores e sobre o que esperam do futuro. Os participantes serão incentivados a comentar sobre o livro que mais gostaram de ler e por que.

Dia 19, às 19 horas
2 - A patrona comentará sobre a criação de seu último livro Os Northfleet no olho do furacão. O espaço estará aberto a perguntas.

Meia hora depois - Sessão de Autógrafos no pavilhão da feira.



Também estarão presentes na Feira , seja em sessão de autógrafos, seja em lançamentos, outros associados do Centro Literário:

1) Dia 18/12/2012 - 10h30min
Lorena Antonetti - sessão de autógrafos dos Livros Entardecer e Voo independente.
2) Dia 18/12/2012 - 17h
Ênio Coelho - lançamento de Na Boca do Povo I.
3) Dia 19/12/2012 - 17h
Mardilê Friedrich Fabre (indicada para receber o Troféu Cecília Meireles, no dia 6 de abril de 2013, em Itabira - MG) - lançamento de À Moda Antiga: Poemas.




sábado, 8 de dezembro de 2012

Natal e seus símbolos




Árvore da Natal e Presépio


Estive pensando se escreveria sobre o Natal ou apenas sobre o Papai-Noel. Engraçado como essas duas palavras estão tão bem entrelaçadas que falar de uma ou de outra nos faz arquitetar as mesmas imagens: Um bom velhinho vestido de vermelho, um pinheirinho todo enfeitado, presentes ... coisas desse tipo.

Vejamos somente os símbolos tradicionais: dizem que certa noite, lá pelos anos de 1530, enquanto caminhava pela floresta, Martinho Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta. De lá para cá, o tradicional pinheirinho tornou-se símbolo de alegria, paz e esperança. O presépio ou a manjedoura nos lembra o cenário do nascimento de Jesus. Esta tradição, segundo estudiosos teve inicio com São Francisco de Assis, no séc. XIII, pois foi ele quem teve a ideia de montar um presépio pela primeira vez.



O Papai-Noel

A figura do bom velhinho teve inspiração num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximos às chaminés das casas. A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo. Nos Estados Unidos, ganhou o nome de Santa Claus, no Brasil de Papai-Noel e em Portugal de Pai Natal. Mas o bom velhinho nem sempre é lembrado como o conhecemos: simpático, bonachão pronto para presentear, o que poucos sabem é que, associada ao Natal existe a figura dos pelznickel, que também têm sua origem na figura de São Nicolau de origem germânica. Os pelznickel são personagens provavelmente criadas para assustar as crianças e assim fazer com que elas obedeçam a seus pais. São seres muitos feios, cobertos de pelos como os de animais, são violentos, arrastam correntes e vêm para castigar as crianças desobedientes que não se comportaram bem durante o ano ou que foram reprovadas na escola.

Nem sempre Papai-Noel teve o mesmo visual como o conhecemos hoje. Até o final do século XIX, ele era visto com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde-escura. Em 1886, Thomas Nast, cartunista alemão, criou uma roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto para melhorar a imagem do Papai Noel. Nesse mesmo ano, a revista Harper’s Weeklys apresentou o bom velhinho com o novo visual. Como as cores do refrigerante da Coca-cola eram também as mesmas do figurino criado por Nast para o Papai-Noel, em 1931, foi lançada uma campanha publicitária da Coca-Cola, que fez um grande sucesso, ajudando a espalhar a nova imagem do Papai-Noel pelo mundo, prevalecendo até hoje.

Desde que tive meus filhos, sempre procuramos, eu e meu marido, desistimulá-los dessa compulsão materialista que cerca o Natal nos dias atuais. Sempre procuramos mostrar a eles que o mais importante nunca foi, nem nunca será a corrida raivosa ao consumo que foi criado e fomentado pela mídia, suavizamos a angústia da espera com a chegada dos Reis Magos, data esta comemorada em 6 de janeiro. Aí, sim, a alegria, o júbilo do nascimento do Salvador fundia-se com a entrega dos mimos presenteados ao Deus-menino pelos seus visitantes, Melchior, Gaspar e Baltazar, ofertando o ouro – pois era  presente para um rei,  incenso, representação da espiritualidade, e mirra, representando a imortalidade. Assim acreditamos tornar nossos filhos homens mais saudáveis, de bem consigo e com a humanidade e com coragem de enfrentar as muitas intempéries que no dia a dia nos defrontamos.


Curiosidade: o nome do Papai-Noel em outros países

 - Alemanha (Weihnachtsmann, O "Homem do Natal"), Argentina, Espanha, Colômbia, Paraguai e Uruguai (Papá Noel), Chile (Viejito Pascuero), Dinamarca (Julemanden), França (Père Noël), Itália (Babbo Natale), México (Santa Claus), Holanda (Kerstman, "Homem do Natal), Portugal (Pai Natal), Inglaterra (Father Christmas), Suécia (Jultomte), Estados Unidos (Santa Claus), Rússia (Ded Moroz).

A expresão Feliz Natal em outros países

Alemanha: Frohliche Weinachten, Estados Unidos: Merry Christmas, Portugal: Boas Festas, Inglaterra: Happy Christmas, Israel: Mo'adim Lesimkha, França: Joyeux Noel, Itália: Boun Natale, China: Sheng Tan Kuai Loh, Mandarim: Gun Tso sun tan'gung


Quanto a mim, a todos que cruzaram, de uma maneira ou outra, o mesmo caminho que trilhei, desejo-lhes Paz em seus corações e um 2013 repleto de amor, muito mais para dar do que para receber. Sejamos todos felizes em alemão, em chinês ou espanhol, melhor em português aqui do Brasil onde moramos e onde todos os dias recebemos o melhor dos presentes: O Presente!

  
Gladys Giménez

Imagens: Google

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Meu Natal Inesquecível


Naquele tempo, as ruas da minha cidade não eram decoradas como hoje, somente o interior das casas recebiam o toque mágico do Natal, e as pessoas não ficavam tão agitadas como acontece durante os últimos Adventos. Estávamos na metade do mês de dezembro, e eu ainda não sabia o que iria ganhar no Natal. Então a véspera do Natal chegou e, como sempre, fui deitar-me na hora de costume. Nesta noite, com certeza, mais ansioso do que nas outras.

A noite passou, e o sol começava a varar o oitão da casa, colocando seus raios por entre as frestas da madeira. Estava na hora de levantar e espiar na sala o que “Papai-Noel” havia deixado para mim. Não me contive de alegria, quando avistei um embrulho com formato de violão, em cima da mesa, junto com outros presentes. Apesar de não conter o meu nome, eu tinha certeza de que aquele presente era para mim, pois meus pais sabiam o quanto eu gostava de pegar emprestado o violão do meu amigo Cecílio, que morava na casa ao lado da nossa. Não podendo conter a emoção, peguei o pacote e rasguei o papel, descobrindo um lindo violão amarelo. Sem que eu suspeitasse, meus pais me observavam por entre a porta do quarto. E eu, sentindo-me um grande músico, comecei a dedilhar os primeiros acordes no “meuviolão. Foi quando escutei algum barulho que identificava a presença de meus pais na sala, externando um alegre sorriso. Eu era um menino, o mais feliz de todos, uma criança que acabava de ganhar o seu brinquedo de Natal, o brinquedo mais desejado no momento.

                                                                                                                     J.G.Ribeiro

Imagem: Google

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Mistério das Estrelas




Numa noite insone, levantei-me da cama e fui ver a noite. Olhei o céu estrelado e comecei a imaginar a vida das estrelas. Quantas estrelas existem no firmamento? Seriam milhares, bilhões ou quem sabe quatrilhões. Jamais alguém poderá contá-las exatamente. Que tamanho tem cada uma e qual a distância entre elas. Como estão fixadas no espaço infinito do céu. Qual a sua finalidade específica para o planeta Terra. Cada uma delas seria um mundo habitado, pois conforme uma parábola de Jesus: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”

Qual seria a composição química das estrelas e se elas se dissolvem e se recriam novamente. E as estrelas cadentes, aquelas que se deslocam no espaço tão rapidamente que o olho humano quase não pode perceber.
Os astrônomos as definem comocorpo celeste de luz própria, de brilho e luz característica”. Cada uma tem tamanho e brilho diferente e pode durar milhões de anos. Dizem também que a estrela mais próxima da Terra é o sol, que dista 150 milhões de quilômetros daqui.

E as outras, a que distância estão? Cabe aos astrônomos, astrólogos e outros cientistas analisar, conhecer e informar sobre a vida estelar. Dizem alguns teóricos do assunto que a olho nu podemos contar sete mil e seiscentas estrelas. A sociedade humana conhece e usa no seu dia-a-dia, a estrela cadente, estrela D’alva, estrela de Jerusalém, estrela polar, estrelas circumpolares, estrelas múltiplas e tantas outras. São conhecidas também as constelações que são grupos de estrelas com características e localizações próprias, como por exemplo, a do Cruzeiro do Sul, no sul do Brasil.

Mais deixemos os cientistas estudarem e analisarem as estrelas. Vamos ver o que dizem delas os poetas. Para os poetas, as estrelas são pontos luminosos no céu. Cada uma delas pode ser uma inspiração para um poema ou para um verso de amor. Podem criar um romance de amor numa noite estrelada, partindo de uma serenata na janela.

As estrelas são tão belas e brilhantes que os poetas e os enamorados chamam de estrela” a mulher que cativou o seu coração.

 Assim como a lua, as estrelas desnudam a alma do poeta e nasce a inspiração para o amor, para o escrever e para a vida.

Na poesia sagrada, vimos que as estrelas guiaram os Reis Magos em direção ao local do nascimento de Jesus. Um poeta escreveu esta bela sentença: Se chorares por não veres a luz do dia, lembre-te que as lágrimas te impedirão de ver as estrelas.

Como as estrelas são contadas aos milhares, são também milhares as batidas de um coração pela mulher amada. Elas falam ao coração.

Como dissera um poeta do passado: "Ora, direis, ouvir as estrelas."

Estrelas e mulheres. Estas acalentam corações. Aquelas enfeitam e iluminam o céu nas noites escurecidas pelo ocaso do sol.

Erony Flores

Imagem: Google

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Destaque em Literatura 2012

A ex-presidente do Centro Literário de São Leopoldo,  Marilene  Müller de Vargas, recebeu no último dia 09 de novembro de 2012 o troféu de Destaque do Ano em Literatura, concedido pela revista Rua Grande.
O Centro Literário de São Leopoldo tem muito orgulho de parabenizá-la por essa conquista.

Segue foto.


Marly Leiria, Marilene Vargas (Destaque em Literatura) e Mardilê Fabre

sábado, 10 de novembro de 2012

O Amor é Eterno


Com a ausência da pessoa que amamos nãosaudade que passe.
Mas essa saudade é amor, e isso meânimo para continuar vivendo.
Assim, mesmo que algo tenha se quebrado dentro de mim e esse espaço tenha ficado vazio, me sinto conformado por saber que amei e fui igualmente amado.
 Finalmente, com a , percebi que um dia também seguirei o mesmo caminho , e porque o verdadeiro amor nunca morre, tornei a sorrir e ganhei um novo alento.
Helio Rohten

Imagem: Google

domingo, 4 de novembro de 2012

Esta noite eu tive um sonho


           


            Sentado no portal sombrio e escuro daquela casa de verão, ouço o sussurro do mar lá longe, e a brisa traz até meus ouvidos o som eterno das ondas a se quebrarem na areia. O luar ilumina de prata as águas murmurantes do oceano. As corujas piam no seu voar ondulante. Um pássaro mergulha do céu, em sua angústia à procura de abrigo. Os insetos da noite inquietam-se na busca de alimento novo. É uma noite morna e aconchegante.

            E eu ali, sentado, pensando ou quem sabe sonhando. Como é grande o Universo! Que tamanho enorme tem este planeta! Que quantidade imensa de água existe nos mares, rios e lagos! Que beleza o ocaso do sol e que maravilha o seu nascente! Que majestosas florestas cobrem a terra e que suavidade dos ventos e da brisa nos vales e nas montanhas! Uma nuvem escura passa agora no céu, deslizando para longe dos meus olhos. Leva em seu bojo gotas cristalinas de água que vai despejar logo ali. São milhares de gotas que vão molhar a terra, saciar a sede do homem e irrigar as plantações.

            E eu, sentado no portal de pedra, vejo a noite descer seu manto escuro para cobrir o mundo com o silêncio, com a vigília e com o amor. É na noite que o amor se agiganta, se manifesta, se exterioriza. E nesse momento recordo amores que vivi. Relembro gestos de carinho que recebi. Mentalizo amores que perdi e ternuras que deixei de externar. Fotografei na mente silhuetas de mulheres que amei, paixões fracassadas que sofri, sentimentos que busquei e não encontrei, caminhos de ilusões que percorri.

            Lágrimas brotam de meus olhos, e eu choro. Choro por amar demais e choro por não ter amado tanto. Choro sofrendo e sofro chorando por amores e ilusões perdidas que não voltam mais. Revivo o passado e vivencio o presente. Estabeleço conceitos e até imagino a migração da alma. É triste sonhar com amor e viver sozinho.

            E é por isso que te procuro nas trevas da noite, onde sei que minha alma vive. Se estás num mundo de luz, lá também te encontrarei.

            Suave brisa acaricia meu rosto. Desperta-me e leva para longe os meus pensamentos e a minha saudade. E eu permaneço ali, sentado no portal de pedra daquela casa de verão. Cismando, meditando e alimentando ilusões para além dos tempos.

            Fico olhando o céu agora estrelado. Pressinto pessoas à minha volta. Atenho-me a silhuetas e sombras que se projetam sobre mim. Seria a sombra da lua? Seriam espectros criados pelos meus pensamentos? Seria o meu passado que voltou?

            Percebo mulheres se aproximando e num sussurro dizer “eu te amo” e “eu estou aqui”. Levanto do portal gelado, olho eternecido e avanço em sua direção. Tento abraçá-las. Mas nada vejo, e meus braços quedam-se no ar. Tudo está escuro. Apenas vagalumes enfeitam a noite, com sua piscante luminosidade. Desperto para a realidade. Busco o que está perto: chão, casa, árvores, sons, luzes. Tudo fica claro, e a calma volta em mim. Foi apenas um sonho. Um sonho bom que mergulhou no meu passado e me trouxe até o presente. Eu vivo e sou feliz.


Erony Flores

Imagem: Google

sábado, 27 de outubro de 2012

Chinoca


vai a chinoca sem destino qualquer
Num potro manso com sela e rebenque
Tranças molhadas balançando ao vento
Mostrando a coragem interior d a mulher

Vestido de chita colado ao corpo quente
Na estrada esculpida nos prados da terra
Herança da água que vem na serra
Lavando a estrada e a alma da gente

Moça de brio que o povo respeita
Chinoca brejeira coberta de feitiço
Prenda afável que todo gaúcho cobiça
E pra mãe de seus filhos também não rejeita

J.G.Ribeiro
Imagem: Google

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Saco de Brinquedos



Lá vai a velha senhora, levando em seus ombros um saco com os poucos pertences que lhe restam, chamando a atenção por onde passa. Alguns olham com curiosidade, outros com compaixão. Mas a velha mendiga indiferente a tudo segue sua caminhada. Certa tarde, quando estava descansando em um banco da praça, uma pequena menina veio ao seu encontro, contrariando a mãe que aos gritos lhe dizia para não se aproximar da estranha. Indiferente aos apelos da mãe, a criança sentou- se ao lado da mendiga e perguntou:
 - O que a senhora traz dentro deste saco?
A velha senhora fica a olhar para a menina, parecendo não tê-la ouvido. Um longo silêncio se seguiu, ao final do qual diz como se falasse consigo mesma:
 - São lembranças, apenas lembranças de minha infância, passando a retirar delicadamente do interior do saco, o que restou dos brinquedos e das brincadeiras da sua infância. 
Aos poucos, o banco vai sendo ocupado por bonecas sem cabeça, braços ou pernas. Peteca, pião, corda pula-pula, saco de riso, passador de cabelo. Um coelho de pelúcia, faltando uma orelha, um velho e surrado livro de Monteiro Lobato, e, por fim, um potinho vazio que a faz lembrar o doce cheiro de canela da casa de sua avó. A pequena menina está encantada com o que vê e pergunta se pode ficar com alguns brinquedos. Sem responder à pequena, a velha andarilha começa a colocar lentamente cada um dos brinquedos de volta no saco e, ao final diz:
- Minha pequena criança, estes brinquedos de nada te servirão. O valor de cada um deles está nas recordações dos dias de minha infância com os quais vivi e que guardo com muito carinho na minha lembrança, mas posso te dar um saco, para que um dia coloques também teus brinquedos e recordações, pois ao final é tudo que nos resta...   

Jandira Teresinha Weber
Imagem: Google

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mestra

Segunda mãe de verdade
Com o dom da caridade
Não tem hora nem lugar
Para dar carinho alheio
A toda criança que anseia
O direito de estudar

Mestra palavra ternura
Que no coração articula
Paciência bondade e amor
Mestra palavra que invoca
Em cada coração que toca
O desabrochar de uma flor

 J.G.Ribeiro

Imagem: Google

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sábado, 13 de outubro de 2012

Ah! Como é bom ser criança!



Ah! Como é bom ser criança
Ver a vida como ela é
Andar correr brincar
Fazer tudo o que quiser
Adorar os bichos e as plantas
E deles tudo curtir
Através da curiosidade inata
De ver ouvir e sentir

Ah! Como é bom ser criança
E um lindo brinquedo quebrar
Juntar sem querer os  pedaços
E um novo brinquedo montar
Descobrir que dentro de si
Existe um outro calado
Capaz de montar um brinquedo
Mais belo que aquele quebrado

Ah! Como é bom ser criança
Cobrir-se e despir-se à vontade
Sem que a malícia malvada
Tolha a nossa liberdade
Dormir bem sossegado
Sem ter que à noite pensar
Na hora do dia seguinte
Que vai ter de levantar

Ah! Como é bom ser criança
Brigar bater apanhar
Sem ter guardado rancor
Que lhe faça ao próximo odiar
Imitar sem aos mais velhos
Criticando a sua honradez
Sem saber que um dia na vida
Vai querer ser criança outra vez.


J.G.Ribeiro

Imagem: Google

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