sábado, 29 de agosto de 2015

Sonetando



Se quiser um bom soneto escrever
Tem que ter a sua forma na memória
Com presteza as suas regras tem que ter
E esperar até chegar a sua hora

Os quatorze versos sempre deve ter
Todos eles com a métrica formada
E suas rimas diferentes podem ser
Mas precisam todos eles ser rimados

Fica o tema por conta da emoção
Que você tem dentro do seu coração
Fale da vida e também fale da morte

Use no tema as metáforas preferidas
Ponha saudade coração e partida
Tempo e vento amor e ódio e boa sorte

J.G. Ribeiro
Imagem: Google

domingo, 23 de agosto de 2015

Animus/ Anima



Vago errante, como Édipo
Com os olhos vazados de escuridão.
Um vento gelado açoita minha carne
Fazendo sangrar minh´alma
Em abismos de solidão.
Grito por ti...
Sinto teu hálito quente...
Mas tua imagem se esvai nas areias do tempo...
Por orgulho e vaidade,
Fomos condenados a deixar o paraíso.
Não mais me reconheço em ti
Não te reconheces em mim...
Fomos condenados a nos encontrar
Em efêmeros momentos, de gozo e paixão...
Por breves instantes, sou o sal do teu corpo...
Tu o néctar do meu ser...
Somos uno novamente...
Adão e Eva de volta ao paraíso.


Jandira Weber
Imagem: Google

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Caminhos de saudade




Distância não se mede em quilômetros, se mede em saudade, é esta a mais pura verdade, pois o tempo todo fere meu peito, será este o jeito como o amor se manifesta? 

Se é o que me resta, viverei com este ardor, pois no meu peito há amor que interpõe qualquer cidade. 

Certa feita ouvi de uma sábia mulher que a cada volta do pneu, cada volta que ele dava, um nó em sua garganta apertava, era alguém que ela amava que tinha ficado para trás e para jamais se verem, mas os dias pareciam eternidades, dias compridos e efêmeros, em que, para o contato, a expectativa parecia tão sofrida o contar das horas para aquela chamada, e às vezes tão esperada a notícia de sua amada que longe se encontra, em quilômetros e não no coração pois a mesma emoção, ali se revelou e o que tanto esperou, a comprovação de que o amor existe e não hei de ficar triste, pois a verdade ali estava estampada, a foto de minha amada que ela mesmo enviou. 

Logo o pai celestial nos colocará juntos, isto tudo é questão de tempo e não há forte vento que possa impedir nossa vida juntos, e assim os conjuntos de trombetas e querubins tocarão o som do nosso amor e lá no esplendor o mesmo sorriso do retrato enviado será sempre celebrado, é o nosso único e verdadeiro amor. 



Diego Martins
Imagem: Google

sábado, 8 de agosto de 2015

Ausências d´alma



 Deus, por que as feridas n´alma?         
Por que não posso ver as injustiças
E calar? Por que tenho que sofrer?
As constatações trazem o padecer
Ao matear o silêncio no fim do dia.
O andejar pesa na mente, judia!
As razões para lutar já cansadas,
As insônias varam madrugadas
Nos vultos disformes da mataria.
E o clarão da lua cheia é prataria
Refletida nos pingentes do sereno
Ausente, aquele corpo moreno
É veneno e antídoto pra poesia.

Que alma é essa que embaça o olhar
E molha, às vezes, as costas da mão?
Bate duro no peito fere o coração.
Que esculpe o rosto ao passar.
E ao resolver sair a cavalgar
Bota o pé no estribo do vento.
Após imolar-se no relento
Faz-se rainha no lombilho.
O som do galope é estribilho,
Cochichado em cada tento
Das franjas do tirador já fino.
Teimosa, rascunha o destino
Na lonca do pensamento.

Cruza de mouros e guaranis,
Ao desfrutar da liberdade,
Abusa; ao escolher o visual.
Depois de rolar no pastiçal,
É garça branca do sarandi.
É algazarra de bem-te-vi,
Cavalgando o taquaral.
Quando retorna ao carnal,
Duvido que saiu de mim,
Mas a visto mesmo assim.
Tantos deveres sem direitos!
Se optasse por outro peito
Os anseios seriam os meus?
Como eu a reconheceria?
Será que a compreenderia?
Quantas dúvidas, meu Deus!

 Na fogueira de estrelas da lagoa,
Quando navega o firmamento
Na magia única do momento,
Ela vai esvoaçante na proa,
Na esteira branca da canoa,
Vai rascunhando a partitura.
Depois é milonga da lonjura
Expressa na brasa acesa.
Ao ser rima sobre a mesa,
Derrama-se em ofertório,
Vai do paraíso ao purgatório.
E num pedido de oração,
Irmana desejo e emoção.
E no tempo lento que passa,
Depois de retornar à carcaça,
Sente-se culpada pede perdão!
Mas ao ouvir a voz da razão,
Mostra-se arredia, inquieta.
Não tem paz alma de poeta,
Pois vive de anseios e ilusão.
Se encontrar a alma gêmea,
Talvez o perfume da fêmea
Possa apaziguar o coração.
Que alma... Meu Deus!

José Pires
Imagem: Google