domingo, 28 de janeiro de 2018

Lenha e Fogo


    "Sirvo-te, como lenha ao fogo."
    Sou uma brasa, derretendo, mel.
    Já fui retalho jogado aos cantos.
    Hoje sou brasa em plena chama.


    O intenso calor que me domina,
    é o convite para servir-te, enquanto, quente.
    Sou a brasa ardente, sem cinzas, 
    a lava que ainda expele, esperanças...


    Sou brasa, lenha, fumaça e fogo.
    Sou um feito amoroso, em sonho.
    Um ofertório, para a primeira chama
    e a curiosidade de uma mão ao acender.


    Sou o incinerado abandono, (companheiro)
    o pleno descanso na noite de sono.
    a suavidade matinal, de um sol que te sorri
    A chama que acende, para teu primeiro café.


    Celso Ferruda-Poeta Marceneiro

    Imagens: via Google

sábado, 20 de janeiro de 2018

O Evangelho fez-se luz





Os discípulos do Mestre
Rudes pobres pescadores
Da sanha do amargo teste
Também foram sofredores

Arautos trabalhadores
Do puro amor inconteste
Foram almas superiores
D’ além do orbe terrestre

Ao raiar da Boa Nova
No calvário a dura prova
Sob o signo da cruz

Registrou-se em pergaminho
Pelos homens do caminho
“O Evangelho fez-se luz”!

W. F. Aquino

Imagem: Jesus Cristo, a única esperança

sábado, 13 de janeiro de 2018

Somos... (Eu, tu, ele, nós, vós, eles).



De que adianta quilos de músculos quando a ponta de um alfinete pode nos sangrar?

Para que serve seu doutorado se o seu lixo vai parar no mar?

E aquela habilitação "E"? De que adianta, quando, na menor fechada de trânsito, te faz descer do carro com um porrete nas mãos?

Falar de ética na política enquanto você passa a perna no troco do supermercado, é fácil, não é?

Criticar a religião dos outros é mais fácil ainda, pois, o "meu Deus" é melhor que o teu!

Tirar foto do prato caríssimo e exibir como um troféu nas redes sociais é mais bonito do que dar um prato de comida a quem tem fome?

Discutir futebol e pôr à prova o tamanho do nosso ego enquanto milhões de pessoas estão lutando para sobreviver no corredor de um hospital, fará o seu time ser campeão de que mesmo?

A vida é um sopro de vento no qual  poderemos passar a qualquer momento!

Que nossa pequenez nos torne grandes quando nos unirmos!

Que nossa fragilidade sirva de espelho para o próximo, e assim, quando nos encontrarmos que possamos enxergar nossa alma refletida no outro!

Que as bombas nucleares sejam substituídas por pequenas doses de amor incondicional e quando lançadas na guerra do "Eu" e do "Meu" possam transformar tudo em "Nós" e "Nosso"!

Namastê.

Marco Aurélio Sassanovicz Cezar
Imagem: denazaret.net

domingo, 7 de janeiro de 2018

Nossa rotina e o Homem das Cavernas




No princípio, quando na Terra a Natureza era pujante, o homem das cavernas não muito alto, mas robusto, era essencialmente carnívoro e dedicava-se com afinco às caçadas de animais na maioria das vezes ferozes. Divertia-se, trabalhando. Embrenhava-se na mata, na época fechada, espinhenta e varava as noites na espreita da fera, geralmente mais forte que ele próprio. Lanhava-se todo, sofria cortes, mordidas e arranhões, mas dominava a presa e, ao cair da tarde, de volta para sua caverna, era recebido carinhosamente por suas amadas. Sim, amadas, pois eram tempos de poligamia. Carneava a caça com presteza, comia a sua parte e após banhar-se nas águas límpidas e frescas de uma fonte cristalina, mergulhava em sono profundo sob o olhar atento de seu harém. E esta era a sua rotina.

Na caverna, não havia mobília e dormia ao rés do chão. As paredes eram lisas e úmidas e os restos de comida ficavam dependurados nas árvores, em lugar seguro, para evitar que um corvo faminto viesse saciar sua fome. Aos vinte e oito anos, entediado, corpo coberto de cicatrizes, transferia seu único patrimônio, as concubinas, para outro guerreiro e procurava uma pedra, no alto de uma coxilha, à sombra de um ingazeiro e esperava a morte chegar. Não a temia, pelo contrário, festejava o seu ocaso, pela certeza do dever cumprido.

Mesmo que na narrativa acima eu tenha fantasiado a história, a rotina desta figura pré-histórica e de hábitos rudimentares representa para muitos, ainda hoje, o modelo de convivência ideal, o homem em harmonia com a Natureza. Entretanto, o homem moderno, em nada lembra o seu ancestral. Ainda que, a própria Natureza conserve seus encantos, o habitat do guerreiro se tornou agressivo, inseguro.

Na esteira do desenvolvimento vieram as inovações tecnológicas. Na Terra de hoje, impera o cinza e o que era lúdico se transformou em uma dura realidade. Para fugirmos do inferno da BR 116, viajamos em pé num trem lotado, não climatizado e barulhento. Para quem tem trabalho, esta é uma rotina. Para quem está desempregado, a rotina é outra: olho nos classificados, bater pernas pela cidade ou amanhecer na porta do CINE, na esperança de ser contratado e já sabendo que terá que pelear até a terceira idade. Elevador pifado, esquecer a senha do banco, apagão elétrico e greve nos serviços essenciais, são apenas atrapalhações da vida.Mães descartando recém nascidos, motoristas bêbados atropelando pedestres, já são consequências da neurose coletiva.Na volta ao lar, ouço que devido ao calorão ventou forte, caiu o sinal da televisão, a Internet está fora do ar.

 Caramba, como era feliz o homem das cavernas!



Anildo Martins da Silva
Imagem: clickpb.com.br