Deus, por que as feridas n´alma?
Por
que não posso ver as injustiças
E calar?
Por que tenho que sofrer?
As
constatações trazem o padecer
Ao
matear o silêncio no fim do dia.
O
andejar pesa na mente, judia!
As
razões para lutar já cansadas,
As insônias
varam madrugadas
Nos
vultos disformes da mataria.
E o
clarão da lua cheia é prataria
Refletida
nos pingentes do sereno
Ausente,
aquele corpo moreno
É veneno
e antídoto pra poesia.
Que
alma é essa que embaça o olhar
E
molha, às vezes, as costas da mão?
Bate
duro no peito fere o coração.
Que
esculpe o rosto ao passar.
E ao
resolver sair a cavalgar
Bota
o pé no estribo do vento.
Após
imolar-se no relento
Faz-se
rainha no lombilho.
O
som do galope é estribilho,
Cochichado
em cada tento
Das
franjas do tirador já fino.
Teimosa,
rascunha o destino
Na
lonca do pensamento.
Cruza
de mouros e guaranis,
Ao
desfrutar da liberdade,
Abusa;
ao escolher o visual.
Depois
de rolar no pastiçal,
É
garça branca do sarandi.
É
algazarra de bem-te-vi,
Cavalgando
o taquaral.
Quando
retorna ao carnal,
Duvido
que saiu de mim,
Mas
a visto mesmo assim.
Tantos
deveres sem direitos!
Se optasse
por outro peito
Os
anseios seriam os meus?
Como
eu a reconheceria?
Será
que a compreenderia?
Quantas
dúvidas, meu Deus!
Na fogueira de estrelas da lagoa,
Quando
navega o firmamento
Na
magia única do momento,
Ela
vai esvoaçante na proa,
Na
esteira branca da canoa,
Vai
rascunhando a partitura.
Depois
é milonga da lonjura
Expressa
na brasa acesa.
Ao ser
rima sobre a mesa,
Derrama-se
em ofertório,
Vai
do paraíso ao purgatório.
E num
pedido de oração,
Irmana
desejo e emoção.
E no
tempo lento que passa,
Depois
de retornar à carcaça,
Sente-se
culpada pede perdão!
Mas ao
ouvir a voz da razão,
Mostra-se
arredia, inquieta.
Não
tem paz alma de poeta,
Pois
vive de anseios e ilusão.
Se
encontrar a alma gêmea,
Talvez
o perfume da fêmea
Possa
apaziguar o coração.
Que alma...
Meu Deus!
José Pires
Imagem: Google
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