terça-feira, 7 de abril de 2015

A rosa branca


            Longos minutos de silêncio me causaram apreensão antes que meus pensamentos entrassem em conflito com minhas emoções. Esbocei no papel palavras chaves que dariam justificativa ao porquê da rosa branca. Parecia-me que o longo silêncio não teria fim e a minha vontade era a de encontrar uma luz para reorganizar minhas ideias e acalmar meu coração. Saí para espairecer, e naminha introspecção resolvi tomar decisões, mesmo porque aprendi que a sabedoria nos traz paciência e reflexão.

            O passado é onde você aprende a lição, o presente é onde você aplica a lição, e o futuro é o resultado de nossa coragem de acreditar que em grupos nossas ações resultarão em conquistas. E para reforçar meu comportamento a inspiração me aprisionou mais uma vez, porém, em outras vezes, me libertou. Romperam-se as tramas e as amarras voaram, libertando-se e esvaziando minhas memórias das inquietações que me impediam de confessar o que nos incomoda e desabafar a agressividade que muitas vezes nos atinge.

            Somos superiores aos desafios porque a paixão que nos envolve, pelo trabalho e pela vida, é mais forte que qualquer obstáculo, e nos reanima. Esses momentos desagradáveis no convívio com pessoas de vários estilos e de comportamentos dignos de sua inteligêncianos surpreende, mas não nos assusta, pelo contrário, ousadia, coragem e bom senso nos estimulam a continuar no desempenho de nossas funções.

            Nessa experiência de mais de vinte anos ligada à cultura, especialmente a literatura, aprendi a conhecer o outro e a reconhecer também os meus limites. Hoje aceito que a realidade de nossos sonhos contrasta com o ideal e a maneira como nos conduzimos. Palavras e atitudes revelam quem somos. O ser humano é maravilhoso, principalmente quando seu sorriso é sincero. O mau humor mata aos poucos a alma do indivíduo sem luz, gerando em si uma ferida emocional. A raiz da tirania é própria dos desajustados.

            A nossa integração com a arte e o trabalho é como o tempo, voa, mas deixa sinais por onde passa. Relembrando a guerra dos deuses comentada por uma criança de quatro anos, num encontro casual, ela disse-me: “Sabe, Doroti, há dois deuses, um é do escuro e outro é do claro.” – “Como, assim?” – perguntei. Ele respondeu: “Os dois deuses lutam todos os dias, o vencedor traz a luz do dia, e o outro traz a noite. Nessa disputa acontece a vitória entre os deuses, o deus claro, o dia,e o deus escuro, a noite.”

            Cassiano, com quatro anos de idade, já é um filósofo, e nos faz pensar que assim é a vida, um dia de cada vez. Lembrando das pessoas tristes e infelizes, ofereço-lhes, de coração, uma rosa branca, cujas pétalas estarão perfumadas e gravadas com o nome de Deus. Convido você, leitor, a enviar uma rosa branca, em pensamento, a quem você achar que necessita. E que esta corrente se transforme em oração de amor e paz na Humanidade.


Doroti Prato, 

Presidente do Centro Literário de São Leopoldo

Imagem: Google

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