quinta-feira, 25 de junho de 2015

Jamais perder a esperança


Andando pelas ruas, não vi o sol, nem o céu colorido, nem o vento passou por mim. Não ouvi o canto dos pássaros, não vi o sorriso das crianças, nem mesmo percebi se havia gente ao redor de mim. Andei, andei sem parar. A cidade estava vazia, todos haviam abandonado a esperança, desanimados, partiram em busca de algo de que pudessem alimentar-se para viver ou para sobreviver depois de uma grande perda. A decepção se abatera sobre a casa de cada um dos habitantes da cidade. Foi neste caminhar de passos solitários, quase parando, que me senti só e abandonada. Olhei ao redor, não percebi nenhum gesto, não escutei ninguém a falar. Tudo era deserto, vazio, sem vida. Um arrepio percorreu meu corpo que insistia em permanecer em pé,fixo à terra que outrora produzira frutos, flores, alimentos saudáveis e trabalho. Entretanto, a ideia do mar e sua imensidão traziam pensamentos de esperança. Sentei-me à beira de um abismo, cabisbaixa, sem notar o horizonte, sem notar a gaivota que levantava voos rasos e suaves, e que, de quando em quando, pousava para alimentar-se de pequenos fragmentos encontrados em seu caminho.

Quando percebi que o pequenino pássaro voava com suas próprias asas e buscava seus alimentos para continuar a viver no seu espaço e no seu mundo, acordei do meu abismo interior, refleti e lembrei-me que jamais podemos perder a esperança. Na esquina de uma rua qualquer, filas se formavam em busca de trabalho.Eram pais, mães e jovens na tentativa de encontrar um caminho melhor para continuar a viver com esperança e dignidade.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. –Saint Exupérry. Entre tantas demonstrações de nosso caráter e de nossa personalidade, tentamos, juntos, contribuir para um mundo melhor e digno, buscando novos caminhos que nos levem a ter direitos e deveres cumpridos. Esperamos que, através de nossos esforços e de nossas propostas, conquistemos nossos objetivos emergenciais para uma vida saudável, inseridos na realidade do quotidiano e do mesmo querer.

Com essa visão, ressurgiu em mim uma força indefinível que pensara ter me abandonado. Deste momento em diante, reconheci o porquê da perseverança, da coragem, do otimismo, da união, da amizade e da sabedoria, consciente de que em cada amanhecer a justiça e o amor prevalecerão na Humanidade.

Viver é uma missão de amar e entregar-se com paixão a tudo em que se acredita. Caso contrário, seremos apenas robôs falantes, experimentando falsa realização, destinados a agradar somente aos outros, aceitando suas ideias absurdas e arcaicas. Não podemos deixar de viver intensamente, apenas porque pequenas ou grandes decepções nos surpreendem. Jamais devemos perder a esperança.


Doroti Prato,
 Presidente do Centro Literário de São Leopoldo

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