Andando pelas ruas, não vi o sol, nem
o céu colorido, nem o vento passou por mim. Não ouvi o canto dos pássaros, não
vi o sorriso das crianças, nem mesmo percebi se havia gente ao redor de mim.
Andei, andei sem parar. A cidade estava vazia, todos haviam abandonado a
esperança, desanimados, partiram em busca de algo de que pudessem alimentar-se
para viver ou para sobreviver depois de uma grande perda. A decepção se abatera
sobre a casa de cada um dos habitantes da cidade. Foi neste caminhar de passos
solitários, quase parando, que me senti só e abandonada. Olhei ao redor, não
percebi nenhum gesto, não escutei ninguém a falar. Tudo era deserto, vazio, sem
vida. Um arrepio percorreu meu corpo que insistia em permanecer em pé,fixo à
terra que outrora produzira frutos, flores, alimentos saudáveis e trabalho.
Entretanto, a ideia do mar e sua imensidão traziam pensamentos de esperança.
Sentei-me à beira de um abismo, cabisbaixa, sem notar o horizonte, sem notar a
gaivota que levantava voos rasos e suaves, e que, de quando em quando, pousava para
alimentar-se de pequenos fragmentos encontrados em seu caminho.
Quando percebi que o pequenino pássaro
voava com suas próprias asas e buscava seus alimentos para continuar a viver no
seu espaço e no seu mundo, acordei do meu abismo interior, refleti e lembrei-me
que jamais podemos perder a esperança. Na esquina de uma rua qualquer, filas se
formavam em busca de trabalho.Eram pais, mães e jovens na tentativa de encontrar
um caminho melhor para continuar a viver com esperança e dignidade.
“Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas”. –Saint Exupérry. Entre tantas demonstrações de nosso
caráter e de nossa personalidade, tentamos, juntos,
contribuir para um mundo melhor e digno, buscando novos caminhos que nos levem
a ter direitos e deveres cumpridos. Esperamos que, através de nossos esforços e
de nossas propostas, conquistemos nossos objetivos emergenciais para uma vida
saudável, inseridos na realidade do quotidiano e do mesmo querer.
Com essa visão, ressurgiu em mim uma
força indefinível que pensara ter me abandonado. Deste momento em diante,
reconheci o porquê da perseverança, da coragem, do otimismo, da união, da
amizade e da sabedoria, consciente de que em cada amanhecer a justiça e o amor
prevalecerão na Humanidade.
Viver é uma missão de amar e
entregar-se com paixão a tudo em que se acredita. Caso contrário, seremos
apenas robôs falantes, experimentando falsa realização, destinados a agradar
somente aos outros, aceitando suas ideias absurdas e arcaicas. Não podemos
deixar de viver intensamente, apenas porque pequenas ou grandes decepções nos
surpreendem. Jamais devemos perder a esperança.
Doroti Prato,
Presidente do Centro
Literário de São Leopoldo
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