Hoje em dia é muito comum
ouvirmos das pessoas, que “somos o produto de nossas escolhas”. É uma frase um
pouco genérica, mas tem conteúdo. Apesar de que, a mais importante escolha da
minha vida, tenha sido influenciada pelos meus pais, pois nasci católico por opção
deles e na juventude, quando mantive a prática dos seus fundamentos, foi para
não contrariar a tradição da família.
Lembro dos domingo pela manhã, o pai
empertigado, vestindo um terninho surrado, a mãe com a cabeça coberta pelo véu
branco e rendado e nós, seguindo logo atrás, até a igreja, onde ocupávamos a
metade de um banco, isto quando não iam todos os filhos. Portanto, cresci
católico e não protestante, por exemplo.
Ouvia dizer que os protestantes seguiam
a doutrina de um cara que fora excomungado lá pela Idade Média. Mas sobre isto,
eu pouco entendia. Certa vez, até interpelei a minha mãe sobre o assunto, mas
ela não soube me explicar e apenas me disse: É eles lá e nós cá.
E assim foi,
até eu me apaixonar e por uma luterana. A reação em casa não foi das melhores.
E, para os lados dela, tampouco. Tentei uma pausa para pensar, mas pensar o quê?
Alguém aí pode me dizer se já viu ou ouviu dizer que um ser vivente desafiou os
desejos do seu coração e venceu este músculo teimoso. Ele tem aliados poderosos
que tudo veem e não escondem nada em seus relatos.
Assim, decidimos em conjunto,
tocar a vida em frente, aparando as arestas. Nem tanto pra lá, nem tanto pra
cá, pois dizem que no meio está a virtude.
E já se passaram quarenta
anos. E não poderia ser diferente. O coração simboliza o amor e amor, provém de
Deus. O amor é o sentimento que segura uma família, não só os parentes, mas
todos aqueles que amamos e entre os amados, temos católicos e luteranos.
E isso
foi fruto de nossas escolhas. Nossa união, teve respaldo na escolha do
iluminado Martim Lutero, que não estava errado em suas reivindicações, mas foi
vítima da incompreensão. Sua Reforma criou um caminho alternativo para quem
quisesse seguir a Cristo com convicção e não apenas por obediência cega a uma
certa hierarquia.
Quando fiéis luteranos se preparam para comemorar os
quinhentos anos da Reforma, percebemos o quanto ela foi importante para
sedimentação do cristianismo e que jamais deveria ter sido usada para separar
irmãos, amigos ou parentes.
Que a força dos Quinhentos Anos, elimine qualquer
resistência às pessoas de escolherem viver, segundo seus princípios religiosos.
Anildo
Martins da Silva
E-mail:anildoms@yahoo.com.br
Imagem: rainhadetodosospovos.blogspot.com
Ótimo e oportuno. Parabéns!
ResponderExcluirJ.G.Ribeiro