quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Sonho do Velho Avião



O dia amanhecera cinzento.
Perfilado no centro da pista, o velho avião espera pacientemente para decolar. Com o coração aos saltos, ele mal pode controlar sua ansiedade, pois ouviu o comandante dizer que este seria seu último voo.
- Vou provar a eles que estão enganados, pensou o velho avião, mirando a linha do horizonte, como fizera muitas e muitas vezes.
Potência máxima.
 O ronco do avião ecoa pelos ares. Vorruuuuuuummmmmmmmm… A velha máquina  range e estala freneticamente, e aos poucos, o velho bimotor se desprende do solo. É só uma questão de segundos, e  ele alcança os ares. Pronto! Agora nas alturas, pode relaxar. Abre suas asas ao máximo como se fosse uma grande e prateada fragata e deixa-se planar, planar, planar… embalado mais uma vez, pela juvenil algazarra dos passageiros rumo à cidade de Orlando na Flórida.
Dia após dia, noite após noite…
A um canto do aeroporto o velho e esquecido avião, que outrora resplandecia ao sol com sua belíssima inscrição em azul, hoje não passa de um amontoado de ferro velho carcomido pelo tempo.
Mas o velho sonha! Sonha com os risos fartos das crianças, com as alegrias das chegadas e com as lágrimas de despedidas.
Quando a tesoura mecânica penetra na fuselagem do velho avião, arrancando-lhe os pedaços, ele  continua inabalável com o olhar fixo no horizonte, pois há muito tempo sua alma de avião ganhou os ares, e lá permanece, levando outras almas para paraísos distantes de risos e de alegrias.   

Jandira Weber
Imagem: Google 

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