O título deste texto é uma
expressão quase em desuso, mas que já
foi da moda no passado, quando queríamos que alguém guardasse segredo de uma
descoberta muito importante. Ela me vem à lembrança no presente, por conta da
megatentativa da Policia Federal em moralizar o país.
Cresci num arrabalde, meio
urbano, meio campestre, mais chegado para a natureza do que para o cimento armado.
Costumávamos à tarde, mal chegados da escola, sair pelo
campo, à procura de diversão.
Certo dia, descobrimos num
tronco apodrecido, uma enorme colmeia, abarrotada de mel. Decidimos que uma descoberta
tão valiosa deveria permanecer em segredo, portanto, boca de siri. Ninguém mais
poderia saber da sua existência.
Retornamos para casa,
trazendo algumas amostras e tivemos que justificar a sua procedência. Mesmo
assim, o segredo e a colmeia se mantiveram por dois ou três dias, até que a
notícia se espalhasse.
A partir dai, foi um
verdadeiro alvoroço. Todo mundo queria retirar um pouquinho do mel. As mães
diziam que ele era medicinal, atuava contra as infecções de garganta.
A criançada queria se esbaldar, o mel é doce e
o que é mais doce e saudável do que o mel natural, direto da fonte? Havia até um ou outro
comerciante dando uma espiada, para saber se de lá poderia tirar algum
proveito. Enfim, mexemos numa abelheira, sem termos competência para melar.
Depois de uma semana, o
cenário era desolador. Restos de favo espalhados pelo chão, o tronco hospedeiro
feito em pedaços e o pior, os ovos e as larvas do enxame pisoteados e sendo
arrastados pelas formigas.
Passado tanto tempo daquele
episódio, por mais ingênuo e singelo que possa parecer, faço aqui uma analogia das
minhas peraltices de criança, com o que os políticos fizeram com a gigante
Petrobras. Descobriram uma fonte rica e saudável, a qual julgaram ser de
recursos inesgotáveis.E não souberam guardar o segredo.
Apesar do gigantismo, a
fonte expôs suas fragilidades e por ali penetraram os predadores. Gananciosos,
foram longe demais e perderam o controle. Inicialmente, a fonte alimentava
pequenos feudos, mas com o passar do tempo, toda a corte se habilitou.
Em um país onde o povo é politicamente
submisso, como somos, tudo pode
acontecer. Nossos valores positivos há muito que se perderam no tempo e hoje, o
que mais consumimos são: fraudes e corrupção.
Precisamos criar um fato
novo, botando a “boca no trombone”, mostrando indignação e que, se às vezes
agimos como cordeiros, quando acuados, também saberemos morder como lobos.
Anildo M. da Silva