sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Mistério das Estrelas




Numa noite insone, levantei-me da cama e fui ver a noite. Olhei o céu estrelado e comecei a imaginar a vida das estrelas. Quantas estrelas existem no firmamento? Seriam milhares, bilhões ou quem sabe quatrilhões. Jamais alguém poderá contá-las exatamente. Que tamanho tem cada uma e qual a distância entre elas. Como estão fixadas no espaço infinito do céu. Qual a sua finalidade específica para o planeta Terra. Cada uma delas seria um mundo habitado, pois conforme uma parábola de Jesus: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”

Qual seria a composição química das estrelas e se elas se dissolvem e se recriam novamente. E as estrelas cadentes, aquelas que se deslocam no espaço tão rapidamente que o olho humano quase não pode perceber.
Os astrônomos as definem comocorpo celeste de luz própria, de brilho e luz característica”. Cada uma tem tamanho e brilho diferente e pode durar milhões de anos. Dizem também que a estrela mais próxima da Terra é o sol, que dista 150 milhões de quilômetros daqui.

E as outras, a que distância estão? Cabe aos astrônomos, astrólogos e outros cientistas analisar, conhecer e informar sobre a vida estelar. Dizem alguns teóricos do assunto que a olho nu podemos contar sete mil e seiscentas estrelas. A sociedade humana conhece e usa no seu dia-a-dia, a estrela cadente, estrela D’alva, estrela de Jerusalém, estrela polar, estrelas circumpolares, estrelas múltiplas e tantas outras. São conhecidas também as constelações que são grupos de estrelas com características e localizações próprias, como por exemplo, a do Cruzeiro do Sul, no sul do Brasil.

Mais deixemos os cientistas estudarem e analisarem as estrelas. Vamos ver o que dizem delas os poetas. Para os poetas, as estrelas são pontos luminosos no céu. Cada uma delas pode ser uma inspiração para um poema ou para um verso de amor. Podem criar um romance de amor numa noite estrelada, partindo de uma serenata na janela.

As estrelas são tão belas e brilhantes que os poetas e os enamorados chamam de estrela” a mulher que cativou o seu coração.

 Assim como a lua, as estrelas desnudam a alma do poeta e nasce a inspiração para o amor, para o escrever e para a vida.

Na poesia sagrada, vimos que as estrelas guiaram os Reis Magos em direção ao local do nascimento de Jesus. Um poeta escreveu esta bela sentença: Se chorares por não veres a luz do dia, lembre-te que as lágrimas te impedirão de ver as estrelas.

Como as estrelas são contadas aos milhares, são também milhares as batidas de um coração pela mulher amada. Elas falam ao coração.

Como dissera um poeta do passado: "Ora, direis, ouvir as estrelas."

Estrelas e mulheres. Estas acalentam corações. Aquelas enfeitam e iluminam o céu nas noites escurecidas pelo ocaso do sol.

Erony Flores

Imagem: Google

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Destaque em Literatura 2012

A ex-presidente do Centro Literário de São Leopoldo,  Marilene  Müller de Vargas, recebeu no último dia 09 de novembro de 2012 o troféu de Destaque do Ano em Literatura, concedido pela revista Rua Grande.
O Centro Literário de São Leopoldo tem muito orgulho de parabenizá-la por essa conquista.

Segue foto.


Marly Leiria, Marilene Vargas (Destaque em Literatura) e Mardilê Fabre

sábado, 10 de novembro de 2012

O Amor é Eterno


Com a ausência da pessoa que amamos nãosaudade que passe.
Mas essa saudade é amor, e isso meânimo para continuar vivendo.
Assim, mesmo que algo tenha se quebrado dentro de mim e esse espaço tenha ficado vazio, me sinto conformado por saber que amei e fui igualmente amado.
 Finalmente, com a , percebi que um dia também seguirei o mesmo caminho , e porque o verdadeiro amor nunca morre, tornei a sorrir e ganhei um novo alento.
Helio Rohten

Imagem: Google

domingo, 4 de novembro de 2012

Esta noite eu tive um sonho


           


            Sentado no portal sombrio e escuro daquela casa de verão, ouço o sussurro do mar lá longe, e a brisa traz até meus ouvidos o som eterno das ondas a se quebrarem na areia. O luar ilumina de prata as águas murmurantes do oceano. As corujas piam no seu voar ondulante. Um pássaro mergulha do céu, em sua angústia à procura de abrigo. Os insetos da noite inquietam-se na busca de alimento novo. É uma noite morna e aconchegante.

            E eu ali, sentado, pensando ou quem sabe sonhando. Como é grande o Universo! Que tamanho enorme tem este planeta! Que quantidade imensa de água existe nos mares, rios e lagos! Que beleza o ocaso do sol e que maravilha o seu nascente! Que majestosas florestas cobrem a terra e que suavidade dos ventos e da brisa nos vales e nas montanhas! Uma nuvem escura passa agora no céu, deslizando para longe dos meus olhos. Leva em seu bojo gotas cristalinas de água que vai despejar logo ali. São milhares de gotas que vão molhar a terra, saciar a sede do homem e irrigar as plantações.

            E eu, sentado no portal de pedra, vejo a noite descer seu manto escuro para cobrir o mundo com o silêncio, com a vigília e com o amor. É na noite que o amor se agiganta, se manifesta, se exterioriza. E nesse momento recordo amores que vivi. Relembro gestos de carinho que recebi. Mentalizo amores que perdi e ternuras que deixei de externar. Fotografei na mente silhuetas de mulheres que amei, paixões fracassadas que sofri, sentimentos que busquei e não encontrei, caminhos de ilusões que percorri.

            Lágrimas brotam de meus olhos, e eu choro. Choro por amar demais e choro por não ter amado tanto. Choro sofrendo e sofro chorando por amores e ilusões perdidas que não voltam mais. Revivo o passado e vivencio o presente. Estabeleço conceitos e até imagino a migração da alma. É triste sonhar com amor e viver sozinho.

            E é por isso que te procuro nas trevas da noite, onde sei que minha alma vive. Se estás num mundo de luz, lá também te encontrarei.

            Suave brisa acaricia meu rosto. Desperta-me e leva para longe os meus pensamentos e a minha saudade. E eu permaneço ali, sentado no portal de pedra daquela casa de verão. Cismando, meditando e alimentando ilusões para além dos tempos.

            Fico olhando o céu agora estrelado. Pressinto pessoas à minha volta. Atenho-me a silhuetas e sombras que se projetam sobre mim. Seria a sombra da lua? Seriam espectros criados pelos meus pensamentos? Seria o meu passado que voltou?

            Percebo mulheres se aproximando e num sussurro dizer “eu te amo” e “eu estou aqui”. Levanto do portal gelado, olho eternecido e avanço em sua direção. Tento abraçá-las. Mas nada vejo, e meus braços quedam-se no ar. Tudo está escuro. Apenas vagalumes enfeitam a noite, com sua piscante luminosidade. Desperto para a realidade. Busco o que está perto: chão, casa, árvores, sons, luzes. Tudo fica claro, e a calma volta em mim. Foi apenas um sonho. Um sonho bom que mergulhou no meu passado e me trouxe até o presente. Eu vivo e sou feliz.


Erony Flores

Imagem: Google

sábado, 27 de outubro de 2012

Chinoca


vai a chinoca sem destino qualquer
Num potro manso com sela e rebenque
Tranças molhadas balançando ao vento
Mostrando a coragem interior d a mulher

Vestido de chita colado ao corpo quente
Na estrada esculpida nos prados da terra
Herança da água que vem na serra
Lavando a estrada e a alma da gente

Moça de brio que o povo respeita
Chinoca brejeira coberta de feitiço
Prenda afável que todo gaúcho cobiça
E pra mãe de seus filhos também não rejeita

J.G.Ribeiro
Imagem: Google

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Saco de Brinquedos



Lá vai a velha senhora, levando em seus ombros um saco com os poucos pertences que lhe restam, chamando a atenção por onde passa. Alguns olham com curiosidade, outros com compaixão. Mas a velha mendiga indiferente a tudo segue sua caminhada. Certa tarde, quando estava descansando em um banco da praça, uma pequena menina veio ao seu encontro, contrariando a mãe que aos gritos lhe dizia para não se aproximar da estranha. Indiferente aos apelos da mãe, a criança sentou- se ao lado da mendiga e perguntou:
 - O que a senhora traz dentro deste saco?
A velha senhora fica a olhar para a menina, parecendo não tê-la ouvido. Um longo silêncio se seguiu, ao final do qual diz como se falasse consigo mesma:
 - São lembranças, apenas lembranças de minha infância, passando a retirar delicadamente do interior do saco, o que restou dos brinquedos e das brincadeiras da sua infância. 
Aos poucos, o banco vai sendo ocupado por bonecas sem cabeça, braços ou pernas. Peteca, pião, corda pula-pula, saco de riso, passador de cabelo. Um coelho de pelúcia, faltando uma orelha, um velho e surrado livro de Monteiro Lobato, e, por fim, um potinho vazio que a faz lembrar o doce cheiro de canela da casa de sua avó. A pequena menina está encantada com o que vê e pergunta se pode ficar com alguns brinquedos. Sem responder à pequena, a velha andarilha começa a colocar lentamente cada um dos brinquedos de volta no saco e, ao final diz:
- Minha pequena criança, estes brinquedos de nada te servirão. O valor de cada um deles está nas recordações dos dias de minha infância com os quais vivi e que guardo com muito carinho na minha lembrança, mas posso te dar um saco, para que um dia coloques também teus brinquedos e recordações, pois ao final é tudo que nos resta...   

Jandira Teresinha Weber
Imagem: Google

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mestra

Segunda mãe de verdade
Com o dom da caridade
Não tem hora nem lugar
Para dar carinho alheio
A toda criança que anseia
O direito de estudar

Mestra palavra ternura
Que no coração articula
Paciência bondade e amor
Mestra palavra que invoca
Em cada coração que toca
O desabrochar de uma flor

 J.G.Ribeiro

Imagem: Google

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sábado, 13 de outubro de 2012

Ah! Como é bom ser criança!



Ah! Como é bom ser criança
Ver a vida como ela é
Andar correr brincar
Fazer tudo o que quiser
Adorar os bichos e as plantas
E deles tudo curtir
Através da curiosidade inata
De ver ouvir e sentir

Ah! Como é bom ser criança
E um lindo brinquedo quebrar
Juntar sem querer os  pedaços
E um novo brinquedo montar
Descobrir que dentro de si
Existe um outro calado
Capaz de montar um brinquedo
Mais belo que aquele quebrado

Ah! Como é bom ser criança
Cobrir-se e despir-se à vontade
Sem que a malícia malvada
Tolha a nossa liberdade
Dormir bem sossegado
Sem ter que à noite pensar
Na hora do dia seguinte
Que vai ter de levantar

Ah! Como é bom ser criança
Brigar bater apanhar
Sem ter guardado rancor
Que lhe faça ao próximo odiar
Imitar sem aos mais velhos
Criticando a sua honradez
Sem saber que um dia na vida
Vai querer ser criança outra vez.


J.G.Ribeiro

Imagem: Google

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domingo, 7 de outubro de 2012

Eu quero a minha paz


Eu quero a minha paz. Eu quero a paz que vem dos ventos. A paz que vem da fúria dos mares. A paz que vem do movimento das árvores na tempestade da floresta. Eu quero a paz que vem dos conventos, dos seminários, dos retiros religiosos. Que vem das escolas, das igrejas e dos mosteiros.
Quero também a paz que vem dos corações humanos. De uma alma em prece. De um Espírito em meditação. Eu quero a paz que vem de Deus.
Eu quero viver a paz que vem de ti, do teu corpo, do teu espírito, do teu amor, do nosso acalanto. Quero a paz que vem da profundeza dos sentimentos. Quero a paz que cintila em teus olhos, na majestosa ondulação dos teus cabelos, no desenho da escultura do teu corpo. Mas quero também a paz que estimula a concórdia, auxilia na união dos povos, propicia amizade entre as pessoas, proporciona sossego, calma e quietação. A paz que traz serenidade se encontra com o silêncio e se completa com o amor.
Quero a paz dos escritores que iluminam os espíritos. Quero a paz pregada por Camões em seus versos. Por Camilo Castelo Branco e Érico Veríssimo em seus romances. Por Jorge Amado em suas histórias do mar. Quero a paz preconizada por pensadores e filósofos, como Malba Tahan, George Sand, Pitágoras e Allan Kardec. Quero a paz de um sonetista como J. G. de Araujo Jorge e de um folclorista como Simões Lopes Neto. Quero ainda viver a paz mística de um Paulo Coelho e a satirizada de um Luis Fernando Veríssimo.
Quando o mundo se livrar das guerras, eliminar a maldade, o ódio, a crueldade, a mentira, a estupidez e a ignorância, quando deixar de existir a angústia, o ciúme, a delação, o desprezo e a desarmonia, então o mundo será melhor, os homens se entenderão e se ajudarão e a humanidade mostrará a sua luz.
então eu viverei em paz. A paz que eu quero. A paz de que eu preciso. A paz que emana da natureza celestial. Quero e quero muito a paz que brota no coração dos seres humanos. Nos corações apaixonados que se nutrem dos sentimentos de ternura.
Quero a paz que tem o sorriso de uma criança. Quero finalmente sentir a paz que exala das pessoas iluminadas, que vieram para este mundo para irradiar e iluminar com o amor todo o planeta terra.
Reinando a paz em todos os corações de todos os habitantes podemos, então, emoldurar o mundo com a bonita frase do grande poeta brasileiro Antonio de Castro Alves, o poeta dos escravos, do navio negreiro e das espumas flutuantes: “ A cabeça que se levanta para o céu e o braço que se abaixa para a terra, voltam-se ambos para Deus.”


Erony Flores

Imagem: Google

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sábado, 29 de setembro de 2012

Zés do Brasil

O ribombar do trovão confundia-se com o grito da mulher em dores de parto. O silêncio que se seguia foi quebrado pelo choro do recém-nascido na busca insistente pelo seio da mãe, quem num fio de voz diz: “Tu vai te chamar José. José, como o pai de Jesus, e como ele, tu vai ser carpinteiro”.
Quatro anos depois, o pequeno menino franzino e desnutrido ganhou as ruas e as sinaleiras, mas o que ganhava mal chegava para alimentar sua mãe e os três irmãos. Do pai nunca soube nem o nome, e por muito tempo achou que se chamava Demo, pois quando sua mãe ficava com raiva, aos gritos dizia:”Venha seu, filho do Demo”.
 O tempo foi passando. As brigas as bebedeiras e as surras se tornaram cada vez mais frequentes. Então, certo dia, José resolveu não mais voltar para o pequeno barraco de telhas furadas, pelas quais ficava olhando as estrelas. A rua se tornou seu novo lar. As pessoas que lhe davam esmolas quando era pequeno, hoje lhe diziam: “Vá criar vergonha nesta cara e arrumar um emprego, moleque”.  
, como era conhecido agora, perambulava pelas ruas. A fome a miséria e o abandono lhe corroíam o estômago, a alma e a esperança. Passou a encontrar conforto para sua fome e abandono no pequeno pedaço de flanela embebido em solvente. Primeiro uma náusea lancinante, depois o riso em gozo de morte, e por fim o sono, durante o qual sonhava com uma bela senhora vestida de azul a lhe estender os braços, mas que não podia alcançar. 
O inverno chegara mais cedo naquele ano. se arrastou até as escadarias da igreja em busca de calor e de conforto para sua solidão, juntando-se a um grupo de meninos que ali se encontravam. A fome e o frio transpassavam seu pequeno corpo, dilacerando sua alma. A imagem de sua mãe e de seus irmãos lhe veio à mente, e ele chorou amargamente. Do alto da cripta da igreja, a imagem da Virgem parecia olhar para ele, que desejou aconchegar-se em seus braços, como o fizera algumas vezes com sua mãe. Agarrou-se a seu pedaço de flanela, mas não sentiu vontade de cheirá-lo. Seus olhos se fixaram na imagem da santa, até perder a noção do tempo. Um estrondo seguido de um clarão na forma de espada penetrou em suas entranhas fazendo seu pequeno corpo rodopiar no ar. Um filete de sangue escorreu pelo canto de sua boca, e seus olhos incrivelmente arregalados, num misto de êxtase e encanto não acreditavam no que viam. Ao seu lado, estava a senhora envolta em seu manto de luz, que o envolvia num longo abraço.

Jandira Weber
Imagem: Google
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